Música Urbana...

A música rolando solta, deixava o ambiente com um certo movimento, não sei ao certo se devido ao efeito da fumaça e da luz baixa, mas todos pareciam em câmera lenta, fora do vício apressado do mundo lá fora durante o dia, um universo paralelo e aparentemente tranquilo, talvez porque ela me olhava de muito perto. Há tempos eu não prestava tanta atenção (hipnotizado) aos olhos de alguém, esperando ouvir alguma coisa boa. Esperando ouvir, na verdade, o que fosse. Eu estava estranhamente calmo, como se soubesse alguma coisa. Mas a gente nunca sabe direito. Então ela me disse "Eu não quero te provocar, mas é que eu gosto de te ter por perto", porém os olhos não confirmavam o primeiro argumento, e para manter a brincadeira eu cheguei mais perto e usando de uma sinceridade desnecessária própria dos cancerianos eu disse "Só o fato de você existir já me provoca, (rs) dispensa o peso na consciência...pra você eu tô sempre por perto." E tudo aquilo que deixamos de lado pairou no ar algum tempo junto da música, pegou carona na fumaça através das luzes amarelas, atravessou o vitrô e se perdeu na noite de inverno.