A força da fé

A força da fé

A Fazenda Belo Vale situava-se no município de Formiga e seus moradores trabalhavam com afinco para que dela tirassem todo o sustento para a família. A faina começava bem cedinho, logo que o galo cantava.

Pai e filhos cuidavam das vacas, dos porcos e das galinhas. A mãe zelava da casa, da alimentação, da feitura dos queijos e doces. Nas horas de folga ia para o tear fazer as cobertas para a casa. E tinha também a horta, com verduras e legumes próprios da época. Nesta tarefa, contava com a ajuda da única filha, a Matilde, para aguar, fofar os canteiros, arrancar os matinhos que ali se intrometiam.

A filha Matilde cresceu, tornando-se uma linda mocinha que atraía os olhares dos rapazes das redondezas. Mas ela já tinha o eleito de seu coração. Era Eduardo, um vizinho filho do fazendeiro José Pereira. E o namoro foi adiante com a aprovação de toda a sua família.

Veio o noivado e Eduardo construiu uma bela casa no terreno que o pai lhe destinara. Casa pronta, mobiliada, só faltava marcar a data do casamento.

A mãe, Dona Conceição, fazia muito gosto naquele casamento e rezava sempre pela felicidade de sua filha. Só um porém a deixava intranqüila. Eduardo disse-lhe que seu sonho era “mais para frente” morar em Goiás. E este sonho para Dona Conceição tornou-se um pesadelo. Ela não concebia a idéia de que Matilde fosse morar tão longe assim.

Um dia, Dona Conceição indo à cidade fazer umas comprinhas, foi a pé até a estrada principal onde tomaria o ônibus. Enquanto caminhava, rezou o terço a São Geraldo, santo de sua devoção. Depois veio o tempo livre e muitos pensamentos povoaram a sua cabeça. Lembrou-se do noivado da filha, do casamento que estava próximo.

Resolveu recorrer novamente ao grande santo. Como a estrada estava deserta, ajoelhou-se ali mesmo naquele chão cheio de pedregulhos e rezou: “Pelo amor da Santa Cruz, valei-me, São Geraldo.” E com toda fé e confiança pediu ao santo pela felicidade da filha. E parece que o santo ouviu bem as preces daquela mãe pois não demoraram quatro dias e Eduardo, sem um motivo convincente, terminou o noivado com Matilde.

Para Dona Conceição terminou o pesadelo com a realização do sonho de Eduardo mudando-se para Goiás.

Matilde quase enlouqueceu e sempre esperava pelo momento do reencontro o que só aconteceu vinte anos depois. Durante este tempo ele casou-se e com a separação tentou a reconciliação com o amor antigo. Mas Matilde toda feliz já encontrara uma grande paixão!

***

Frei Dimão chegou

para nossa alegria,

fazendo um show

com sua poesia:

Se Goiás não satisfaz

o pesadelo se desfaz

mas a crônica não fica atrás

e sua tônica (a força da fè)pois é,

é o que mais nos apraz!

Frei Dimão

***

Sempre aparece alguém querendo jogar areia em meu amigo:

Mas quem é esse Frei

que vem com a força do arrebol

pois pelo que sei

ele entende é de urinol?

Ema Gressy

***

Não admito, ó Ema

Que implique com Frei Dimão

Não me crie problema

Fazendo acusação...

Nanda

***

Viu, Ema Gressy, como Frei Dimão deu o troco à sua acusação?

Provocação eu não aceito

nem debaixo de um virol

mas sim, tiro melhor proveito

da lição humilde dum urinol.

Esse tão singelo objeto

sempre fez jus à fama

pois no horário mais secreto

é o que melhor socorre à dama.

E tudo o que nele se alivia

se passa na escuridão

mas pra ele é pura orgia

na mais sacra comunhão.

Na voluptuosidade do jorro

caloroso como ele só

mais prestimoso é o socorro

desde os tempos da vovó.

E o gozo mais se compraz

sem artifício ou artimanha

pois tanto a frente quanto atrás

é só pra ele que se arreganha.

E após o vigoroso jorro

uma coisa a ambos liga

ele, ter prestado o socorro

ela, o alívio da bexiga.

Frei Dimão

***

Isto mesmo, Frei Dimão,

dê o troco à tagarela.

Ela não lhe tem afeição

E merece uma espetadela.

Nanda

***

Vixe, Elvira Lata vai dedurar o Frei Dimão pelas suas rigorosas palavras:

Quem será este frade

a passar em todos um sermão,

ainda conto para o abade

pra ele puxar esse frei Dimão.

Elvira Latta

***

Thaís, eu também não me confesso com ele. As penitências que ele passa são pesadas demais para os meus leves pecados! Manda rezar mil ave-marias de joelho! Dou a você toda a razão!

Se sozinha com esse frei,

uma só coisa a Deus peço:

digo-lhe tudo o que sei,

mas neca que me confesso.

Thaís Quentano

fernanda araujo
Enviado por fernanda araujo em 17/08/2012
Reeditado em 28/08/2012
Código do texto: T3835887
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