A prole de Pilatos

Mas você quer voltar a viver pra quê? Você não tem um novo projeto de vida. Voltar a viver pra fazer o mesmo que você estava fazendo?

Tramitei pelo Congresso e no meu regresso voltei de bolsos vazios. E nestas vertentes que aparece na vida da gente, continuo caminhando com o coração sangrando diante de meus desenganos dizendo a mim mesmo, a vida está correndo a esmo, mas quanta bobagem um dia encontrarei a grande e tão sonhada mensagem.

Contradizendo minha sorte na anti-sala da morte olhando a agonia de meu amigo com tanto medo de partir, mas medo de que se um dia você sem aviso chegou e ninguém te disse nada de como seria a sua estrada e que um dia você teria que lavar as mãos num gesto nato igual a Pôncio Pilatos.

Mas que destino safado aqui no canto tão calado está meu violão com duas cordas do coração arrebentadas. Aos meus ouvidos alguém balbucia “você é um cara de sorte, você alcançou a primeira página no dia de sua morte”. E para te acalmar você só será um homem quando mais nada te decepcionar, porque estais a tremer, se estais preparado morrer é um mero exercício de prazer.

Não? Não! Não me atrevo a lavar as mãos diante de tantas situações que posso resolve-las de maneiras tão diferentes.