PULSAR

Pulsar

22/08/12

Era um palpitar ritmado. Assemelhava-se ao pulsar do coração ora pra lá ora pra cá. O coração, a princípio batia compassadamente com aquele pulsar. A medida que transcorria o tempo que só existia para os outros, o coração acelerava não mais acompanhando o ritmado palpitar.

Era como as marolas da lagoa num ir e vir constante trazendo calma e nos alienando do presente. Minha cabeça pensava neste pulsar. Minha cabeça já não pensava, ela pulsava. Pulsava pensamentos que iam e vinham às vezes de forma frenética outras lentamente como a deleitar prazeres inconfessos.

O palpitar também apresentava agora alguma disritmia, vacilava ora insuflando mais a direita, ora a esquerda. Mas era uma disritmia ritmada. Era uma disritmia que mantinha uma constância, uma regularidade em determinados períodos para então acelerar ou desacelerar.

A alienação tomava minha mente. Precisava me apressar para pegar o carro do qual distava quase um quilometro e cumprir compromissos anteriormente assumidos. Não mais podia continuar naquele compasso descompassado. Relutei por mais duzentos metros racionalizando com um trote nos outros duzentos a fim de compensar o atraso. Foram duzentos metros de extrema atenção, acompanhando cada detalhe do pulsar como querendo guardá-lo na memória..

Foi então que acelerei meus passos e ao ultrapassá-la desejei um bom dia e até mais ver.

Geraldo Cerqueira