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                     Tive seríssimos problemas com minha mãe de criação Helena. Senhora absoluta de verdades absurdas, impraticáveis. Sempre tivemos diferenças ideológicas graves, acima das normais... Por muitos anos ela foi aquela pessoa, que você se irrita, só de ouvir a voz. Ela tinha algumas expressões que usou a vida toda, que, quando pronunciadas, consumiam-me o fígado... Deu pra imaginar o drama? Pois é, uma delas, talvez a mais terrível, que ela usava pra me achatar, pra me minimizar, pra me deixar sem ação, porque sabia exatamente que sim, era tudo o que eu queria... Na época, por motivos equivocados, mas sim, tudo o que eu queria... A expressão-bomba era: “Seja bonzinho!!!” Com aquela entonação que é um misto de autoridade e carinho e advertência, e súplica... Enfim, um golpe baixíssimo, até mesmo para um ícone da chantagem emocional, posto que ocupou até o fim.
                   Meus amigos, o sangue me congelava. Não tinha ação. Ficava paralisado, pelo golpe... Acabava sempre me afastando, mortalmente atingido. Mas, a porcaria da frase, imposta com o rigor do leste europeu – (era ela, lituana) – ficou na minha cabeça. Ficou para sempre a necessidade de dar uma segunda olhadinha, pra ver se fiz mesmo, tudo que podia... Atendendo a este apelo meti-me em cenas deploráveis, humilhantes... Fui muitíssimo mal interpretado... Quase nunca, ouvido, de fato. Claro: exagerei, extrapolei. A insegurança dramaticamente cultuada na infância, obrigou-me a empreender jornadas malucas, para tentar ser aceito. Já que a primeira rejeição deu-se com uma semana de vida...
                   Enfim, tenho obsessão por ajudar. Sempre tive. Agora, entendo claramente, os motivos que moviam o menino e movem o poeta. Mas, nem sempre, fui um expoente no tato!!! Inúmeras vezes meti os pés pelas mãos, tentando ajudar, ou tentando ganhar demonstrações explícitas de afeto. Ainda hoje, me flagro em situações dispensáveis, tentando angariar um carinho... Uma leitura, um comentariozinho... Em vão!  Até porque carinho e atenção não se pedem. Têm que vir, espontaneamente, e, de preferência, calorosamente.
                   Sou daquele tipo duvidoso, capaz de abrir mão de coisas importantes, em função de um amor... Ainda que meu cérebro, condene, veementemente tal ato heroico de folhetim do século retrasado!!! Com este dado na mesa, imaginem, meus amigos, o que fui capaz de fazer, para as pessoas que amei... Pois então, quadrupliquem! Eu fiz! Sim, hoje, felizmente, me dá arrepio lembrar os excessos, os desgastes, as humilhações, das más interpretações, as “caras no chão”. Era cultura de novela, minha postura. Aquele pensamento tosco de “lutar pelo amor”!!! Misericórdia!!! Se até no amor temos que lutar, acho que muito pouco é possível.
                   Amor: não se ganha, não se conquista, não se barganha! Não é moeda! Não se caça! Muito menos, se engana!!! Dispensa tramas diabólicas... Dispensa a tal da luta...
                   Nenhuma felicidade, daqui por diante, poderá ser construída sobre a tristeza de outro. Ainda que esse outro esteja convicto de sua boa intenção, de seu desprendimento. Convicção esta, que clama por uma sincera revisão.
                   Amar, simplesmente, acontece! Normalmente, quando estamos distraídos... Bebendo água de coco, a sombra de um coqueiro centenário, em uma praia aconchegante, da costa itacareense... ... !!! ... Eita!!!






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Claudio Poeta
Enviado por Claudio Poeta em 22/08/2012
Reeditado em 22/08/2012
Código do texto: T3843703
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