1ª Crônica

Outro dia li que o Jabor estava lançando um livro. O título: “Pornopolítica”. Em se tratando de Jabor, normal, ele adora inventar palavras. O Pasqüale está no seu encalço. O problema é que minha mulher, professora de Literatura no ensino médio, já pediu pros seus alunos lerem, resumirem, analisarem, criticarem e entregarem digitado e impresso em papel A4, Arial 12, espaço duplo – que é pra ela poder ver melhor. Tudo isso pro próximo bimestre.

Muito simples né? Até chegar o dia da entrega.

- Estou doida pra corrigir isso. Quero ver as idéias deles!

- Marizete! Onde vai com tudo isso mulher?

- Pro quarto. E nem venha me atrapalhar nesse trabalho aqui! Sexo hoje neném, nem pensar! Só um pouquinho de pornô... escrito.

- Mas...

- Nem mas, nem meio mas! Você não imagina a sensação que estou sentindo. Tenho que ter cautela. O resultado dessa correção pode ser um vitalizador e tanto pras nossas noites.

- Não sei o que você viu nesse livro do Jabor. Depois que leu, ficou assim!

- Não é o livro é o título. Você viu a perfeição da palavra? Existe coisa mais original: P-o-r-n-o-p-o-l-í-t-i-c-a! Nooosssaaa!!! O Aurélio deve ter se revirado no caixão.

- Aurélio? Que Aurélio criatura?

- O Buarque de Holanda! Não teve a chance de ouvir algo tão sublime

- Meu Deus. Pirou mesmo!

Na primeira correção...

- Sempre achei esse tal de Otávio um ótimo aluno, vou começar por ele.

“A Pornopolítica tomou conta das nossas vidas, ela se infiltrou em nossa casa através da mídia escrita, falada, rádio, tv e internet.

Os homens adoram, mas as mulheres odeiam. No caso das que fazem programas, essas estão sempre preocupadas, pois pra fazer sexo com políticos elas até cobram mais caro. O problema é ter que liberar o ‘caixa dois’”.

- Xi! Tô vendo que sexo hoje, sem chance!