SOZINHO

    Caminhando sobre vestígios, pequenos fragmentos espalhados ao redor do que vejo. Penso no amor que decidi reter, penso na dor que escolhi sofrer; egoísta e insipiente eu fui... Luzes foscas, ventos frios; ar empoeirado, carregam em si tristes pedaços de mim, lembranças que não me deixam esquecer... Objetos, destroços que sozinho perpasso vagando, divagando em tempos passados; perdidos. Não me permiti ser quem sou, pus máscaras em meu eu interior (...)
    Sentei-me chorando ao chão e coloquei-me a refletir:
    Fui inflexível demais - Arrogante -  Não dei espaço para que cultivassem uma amizade comigo; Abri mão do amar achando que o tempo fosse curar todas as feridas abertas por relacionamentos sofridos; vividos. Amizades sinceras, pessoas que sempre se dispuseram a me ajudar: apoiando-me em minhas decisões, vivificando meus sonhos, construindo conjuntamente meus ideais... Pois é,  deixei de regar a semente do amar... Ah se eu pudesse o tempo voltar... Se pudesse nascer de novo, vir ao mundo consciente de que um simples olhar pode o mundo inteiro transformar... Certamente não faria o que fiz, não seria quem fui.
    Quantas pessoas deixei de agradecer, deixei de abraçar... Beijos que omiti, afagos que preferi enlear, coragem que decidi desencorajar, salvaguardar; proteger. Uma simples palavra, um simples gesto... Realmente, eu estava certo: Faz toda diferença. Mas... Por que mesmo ciente do poder que se detém não me prontifiquei a usufruir da consciência que obtive? Por que não reguei meus sonhos, meus amigos, meus amores? Por que resolvi recantar em mim todas as dores, sensações ruins, sentimentos afins, tormentos, rancores; clamores? Por que? Porque...?
    Se minhas humildes palavras pudessem ser ouvidas, tocadas, sentidas... impetradas no coração de toda essa gente que, muitas assim como eu, despercebida deixam passar oportunidades ímpares na vida. Presentes, verdadeiras dádivas preparadas por Deus para nosso eu, ou incentivar-nos a continuar seguindo na linha; sem desalinho, não sozinho; mas com Deus. Se soubessem quantos erros gravíssimos cometemos ludibriados, enganados por intentos, fulgores de momento...  
 
    Se pudessem ver tudo que estou vendo... Certamente, dariam muito valor, acuidade, sisudez... A cada instante, a cada passo, a cada palavra, a cada gesto, a cada pulsar de seu coração; a cada vida que lhe perpassa, a cada lágrima que cai ao chão, a cada sofrimento que teve por correção, a cada olhar que chega a seus olhos... Não deixaria nunca de amar, mesmo sabendo dos amores iludidos, aprenderiam a amar por amar, a valorizar tudo que tem dando glórias a Deus, mesmo sendo uma simples migalha de pão. Ah se pudesse falar a seus corações... Gritar, bradar... Chamar-lhes atenção...
 
     Se soubessem do porvir, entenderiam que o amar é a chave da vida, e que apenas Deus tem o poder de lhe dar.

Jean Marcell Gomes Albino
Enviado por Jean Marcell Gomes Albino em 29/08/2012
Reeditado em 03/09/2012
Código do texto: T3855056
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