Procura-se a felicidade - viva ou morta - paga-se bem

Que número calca a felicidade? Será que ela entra offline pra me espiar? Será fêmea, macho, hermafrodita? No que acredita minha felicidade?

Falar de felicidade como mais um lugar-comum lá não a traz pra mim, disso já sei. Não me confere o mínimo de plenitude à alma escrever como quem costura pra C&A: em massa. Texto da moda. Livro- franquia. Croqui- manual de redação. Não. Imagino que a felicidade tampouco mostra a cara a qualquer chamado ordinário. Não se identifica em cartazes de "procura-se a felicidade viva ou morta. Paga-se bem. Assim também, insiste em não estar em livretinhozinhos, filmecos, amorequinhos de eu-te-amo em um mês ( grátis o "eu também").

Apostaria: a felicidade só quer ser respeitada pra aparecer. Nem procurada banalmente com tiros no escuro, paixoes à primeira vista por pessoas na fila do banco, ou como quem chuta uma letra só no gabarito pra ter mais chances de acertar. Muito menos quer devoção perpétua, com direito a pacto de sangue. A felicidade,objeto passivo, não soube ser procurada. Quiçá porque não calce número algum, nem entre offline. É simples sem pé, nem sexo. Sem crença. Só prescinde respeito para que, adestrada, apareça.

Juliana Santiago
Enviado por Juliana Santiago em 31/08/2012
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