Yasmina.(Remix)

Após exaustivos estudos, me formei em teologia.
Era um pastor, meu sonho era formar na  minha congregação, um pequeno templo de estudos bíblicos junto de amigos e parentes.
Como você faz o projeto, mas quem assina é o Senhor Jesus, fui chamado pelo bispo de Rochester.
Fui como todo principiante apreensivo, pois talvez na minha euforia, por querer formar com amigos nova comunidade, tivesse ferido preceitos da ordem.
Fui muito bem recebido por ele e pela esposa, pois era para me apresentar em sua residência.
O bispo Dilan, bem como a esposa eram muito jovens.
Após me parabenizar, pelo término do curso, disse que tinha para mim uma missão de grande importância.
Conforme ia me repassando as ordens do Ministério Central, pensei desfalecer.
A minha idéia, era me formar para poder ajudar meu povo.
Não entendi bem, mas estava sendo mandado para outra parte do mundo, para como missionário integrar a uma comunidade e tentar resgatar almas para Cristo.
Ponderei:
- Meu querido bispo, temo não estar à altura desta missão.
Engano seu, irmão seu currículo foi analisado e  é a pessoa mais indicada.
Com muito medo, desço de um avião militar juntamente com uma enfermeira na aldeia de Gedaref no Sudão.
A enfermeira era minha tradutora e auxiliar por ser da região e dominar o idioma.
Era médico do corpo e da alma.
Como médico ainda era estagiário, e como pastor, só tinha pregado frente ao espelho.
Fomos recebidos pelo chefe da aldeia o senhor Samir, que também era o tio de nossa enfermeira a senhorita Sumáia.
Mais interessado nos presentes do que em nossa companhia, nos levou juntamente com a bagagem a uma igreja hospital.
Como fiz curso de enfermagem e depois de medicina, embora tenha me formado, era infante mais para enfermeiro, que para médico.
Nossas acomodações estavam em estado lastimável.
Tudo quebrado ou roubado por vândalos.
Pouquíssima coisa deixaram que desse para recuperar e colocar em uso.
Como chorar nunca resolve, colocamos mão na massa e mais rápido que pensávamos, estávamos operando embora que precariamente.
Movidos pela curiosidade, tivemos a visita de todos na aldeia.
Quando alguém passava mal e íamos medicá-lo, o Sr. Samir chefe da aldeia, intervia praticamente agredindo as pessoas e levando-as dali.
A enfermeira Sumaia tentava dissuadi-lo, mas era inútil.
Falei para ela, eles não querem se curar?
-Pastor eles não acreditam em nossa medicina, praticam o curandeirismo.
Se não queriam se curar, pior eram os males da alma, pois eu pregava a palavra sozinho, ninguém queria a ouvir nada.
Após uma noite de meditação falei para Sumaia.
Quem é o curandeiro?
Precisamos doutriná-lo primeiro, depois as crianças e os adultos.
-Eu sou cristã e acredito na palavra, mas o senhor precisa de um milagre, pois todos têm a cabeça dura, meu tio e o curandeiro são os piores.
Como higiene não era o forte de minhas ovelhas queira implantar higiene e limpeza e o melhor exemplo seria o teatro.
Montei uma peça e os artistas desempenhariam o papel de vilão “a sujeira” e o papel de herói “a higiene”.
Com parte da comida que tínhamos, comprei os músicos: duas flautas e um tambor para fundo musical.
Já éramos cinco, coloquei um pano na cabeça de Sumaia, e outro na minha.
Conforme íamos interpretando, as crianças se aproximavam, dentro em breve, mal podíamos passar entre os assistentes.
Muito desajeitadamente, fazíamos graça e todos riam.
Conseguimos até, alguns adeptos, estávamos muito distante do que pretendíamos, mas já era um começo.
Da teoria à prática existia uma muralha, pois, só tomavam banho por ser sagrado, mas a convivência com a sujeira sempre foi desastrosa, e a história conta isto.
Estava juntamente com a enfermeira Sumáia, dando banho em um boneco e ensinando algumas mães a verificar seus bebês.
Uma mãe se aproximou de Sumáia, falava e gesticulava sem que eu entendesse.
Que aconteceu?
– O marido dela pegou a filha que estava com febre, levou ao rio e banhou-a.
Como não conseguiu que a febre baixasse, levou-a ao Curandeiro que queria cortar a criança para tirar o mal.
Corremos lá e por pouco não perdíamos o bebê.
Nossa interferência custou caro, pois foi chamado chefe da aldeia Samir, que como havia parado de receber presentes, estava bravo conosco.
Mesmo discutindo e xingando levamos a criança para nossa igreja.
Revezamos-nos limpando e baixando a febre, enquanto o antibiótico não fazia efeito.
Após dois dias é que a febre baixou e pudemos devolvê-la à mãe.
Agora na aldeia era eu, a enfermeira, as crianças, os músicos e agora a mãe da criança.
Preocupado com o ataque de um tigre, o Sr. Samir se esqueceu da gente por algum tempo,... o tigre dava mais ibope.
Já estávamos dividindo os pacientes, embora velhos com seu jeito antiquado de curar e louvar seus deuses perdia paciente dia a dia.
Começávamos receber pessoas da aldeia para simples consulta.
Aquele ano o calor estava insuportável.
Todos os aldeões passavam o dia dentro do rio.
Vi nessa atitude um perigo, a contaminação.
A mesma água dividida com animais era usada sem o mínimo cuidado e eles rindo diziam... Ah Masaibe, e continuavam a tomar água suja.
Uma mãe trouxe a filha muito magrinha em avançado estado de desnutrição e desidratação.
Por mais que se tentasse, percebi que perderíamos a menina.
A enfermeira falou, ela esta tão fraca que se comer algo morre.
Num descuido nosso pelo cansaço acho, não vimos que a menina desapareceu.
Na praça da aldeia havia uma pedra polida em homenagem aos deuses.
A garotinha de nome Yasmina, sentou sobre a pedra e começou a meditar e cantar seus mantras.
Mesmo sob forte calor, não saía de lá.
O feiticeiro não perdia nada, sempre atento a qualquer anormalidade começou a ciceronear a menina.
Por mais incrível que possa parecer a menina sarou.
Começaram a colocar flores e fizeram um altar,  ela como em transe, gritava, Shiva... e todos repetiam em coro.
O chefe da aldeia percebeu o bom investimento e começou também juntamente com o feiticeiro a promover o grande milagre.
A coisa atingiu o auge do paroxismo, começaram a chegar romeiros para ver a menina e receber graças.
Samir chefe da aldeia e o conselheiro espiritual, vestidos como sumo sacerdotes já apregoavam ser a menina uma deusa ou entidade celeste.
Meu hospital ficou entregue as moscas.
Minha enfermeira começou a sentir dores e crises prováveis de apendicite.
Teríamos que operar, sem que eu soubesse, ela visitou a jovenzinha.
Foi operada espiritualmente e a enfermeira se sentiu curada.
Restava a mim, pegar minha malinha e sair dali.
-Pastor, o senhor é médico, viu meu estado, refaça os exames e veja eu fiz os testes, não tenho mais nada estou curada.
O senhor falou que vai embora, eu vou ficar, agora acho que encontrei o que estava procurando.
Andei demais conheci vários paises e foi justamente aqui na minha terra natal que encontrei.
Terminou a grande busca.
Com o hospital fechado não tinha o que fazer.
Saí pela mata com uma sacolinha de alimentos para visitar algumas pessoas conhecidas e daria a comida a eles.
Já próximo do rio percebi que estava sendo seguido.
Embora isto fosse rotina um arrepio na nuca me deixou amedrontado.
Nosssa... o tigre estava me espiando.
Para um tigre, você tem poucas possibilidades, eu estava doente e nunca sobreviveria a um ataque.

Relatório final.

Ajoelhei e enquanto aguardava a patada ou mordida, não sabia como era um ataque de tigre.

Resolvi conversar com Deus.

Senhor eu sou seu filho, venho pedir perdão, porque não fui forte o suficiente, para impor seu poder sobre estes infelizes, me perdoe ter falhado, se tivesse outra chance iria me esforçar mais.
Ouvi o rugido ao meu lado, não senti dor nenhuma, em seguida ouvi uma vós fina de criança e abri os olhos.
Chorando me levantei e vi a pequena Yasmina, falando com o tigre.
A fera indecisa não sabia quem atacava primeiro, ela ou eu.
O milagre aconteceu.
O Espírito Santo de Deus entrou em mim, me senti leve.
Sem medo algum, fiquei ao lado dela segurando sua mão.
Falei para a enorme fera.
-Vá descansar e não nos faça mal.
O tigre abaixou o rabo ronronou e foi saindo calmamente do local, como se tivesse visitado um amigo.
Da outra margem do rio toda a aldeia assistia e presenciou o milagre.
Peguei a pequena Yasmina nos braços e a levei até sua mãe.
Todos chorando me abraçaram e repetiam milagre, milagre.
A partir deste dia todos, inclusive o chefe da aldeia e o próprio feiticeiro, começaram a freqüentar a nossa igreja hospital.
Ainda tínhamos muitas questões pendentes, bigamia, higiene ainda, mas devagarzinho fomos arrebatando mais almas para o senhor Jesus.
Confesso que até eu estava meio descrente, minha fé estava fraquejando.
Quando o espírito do senhor se apossou de mim, senti sua força.
Percebi que fui mandado para o outro lado do mundo, não para salvar almas para o senhor.
Para salvar minha própria irmãos.

Décadas se passaram.

Hoje sou bispo, não de Rochester, agora estou no Paraguai.
Pequeno país da América do sul.
Yasmina é minha esposa e se escrevo este testemunho é com autorização dela.

Paul Genkis Cornnel
Casa Rosada 07
Ciudad dos Niños Pueblos
Republica Del Paraguai
Acienda, los Ninos de Cristo.


Esta pequena história não tem a pretensão de ofender religião ou ceita, todos os fatos são fictícios e o intuito e apenas reportar a vida missionária pelo mundo, são heróis anônimos que pela fé curam, orientam e socializam locais inóspitos, realmente são guiados pelas mãos do senhor Jesus.
Obrigado.
Oripê Machado.
(MORDEKHAY).
2009/April/DC.

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Oripê Machado
Enviado por Oripê Machado em 01/09/2012
Reeditado em 02/09/2012
Código do texto: T3860001
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