Quem ama, cuida!

De norte ao sul, de leste ao oeste, do centro aos bairros... Quem ama, cuida? Penso, repenso, concordo e discordo em vários momentos.

E aí penso, esqueço, lembro, relembro e penso novamente e quero que você pense também, sim você mesmo... o que você ama? O que realmente você ama? Como você ama? Reflito e solicito que reflita comigo, meu caro e bom amigo... pense nas coisas que você cuida, que você dedica seu tempo, naquilo que o incomoda e o faz expor, pense na sua presença diante do que ama, em seu envolvimento no que ama. Você cuida das coisas que ama? Cuidamos do que amamos? Somos cuidados pelo que amamos? Realmente amamos?

Deparo-me com tantas pessoas, diariamente, que dizem terem orgulho da nossa cidade, quantas e quantas vezes é possível ouvir “Sou pé vermelho”, “Sou londrinense de coração”, “Minha Londrina” e assim vai, afinal amam a cidade e enchem os pulmões para cada palavra sobre ela, deixando a demonstração de amor bem explícita e como gratidão desse amor infinito jogam lixo no chão, entopem bueiros, não fazem a separação da coleta seletiva do lixo, abandonam animais na rua... quando não deixam na casa de desconhecidos ou em terrenos vazios.

Esse amor tão intenso é de causar inveja. Ando pelas ruas de Londrina, vejo rotatórias, canteiros, praças e marginais das avenidas cada vez mais limpos, cada vez mais floridos. É inegável que as revitalizações e manutenções são significativas, há espécies de plantas adequadas ao local trazendo melhoria das condições do meio ambiente e da conservação do espaço público. O plantio de gramas e flores acaba substituindo o mato e inaugurando um belo paisagismo em Londrina. Além disso, parques, barragens e lagos também estão sendo melhorados como até os fundos de vale.

Contudo, diante de tal paisagismo percebo em alguns lugares onde a beleza é tão graciosa que nem é preciso tal cuidado, saio do centro e já ao caminho para o norte vejo o mato maravilhosamente quase cobrir as placas das vias públicas e, ainda, vários capins fazendo parte da ornamentação em seus arredores, seja nas marginais, nos canteiros, nas praças ou nos lagos. E por falar nos capins, que são da família das gramíneas, plantas floríferas de muito requinte e bom gosto, de boa procedência porque é da própria produção da nossa terra vermelha, vejo até pessoas a pegarem para colocarem em cachepôs e enfeitarem seus lares ou fazerem um chá dessa planta medicinal. Assim, nesse ambiente agradável e de elegância, a cor verde traz o fascínio da perfeita natureza local, como em outros lugares próximos que possuem um lindo tapete verde que nem há necessidade de uma só flor para causar tamanho encantamento, é uma região privilegiada.

Por fim, meu caro amigo, não esqueça que a preservação do patrimônio público é uma iniciativa capaz de promover mudanças de atitudes e de costumes, possibilitando reflexão, interação e trabalho colaborativo. Ao pensar em melhorar o meio ambiente é necessário, primeiramente, pensar em contribuir para a formação de cidadãos participativos na sociedade que revejam a formação de valores naturalizados e procurem manter um caráter de função humanizadora. Amamos Londrina inteira? Amamos partes de Londrina? Ou não amamos Londrina? Fechamos os olhos e olhamos somente as flores, o que importam os capins? Ah, são plantas floríferas. Dormimos, maravilhosamente bem, com a cabeça em um travesseiro confortável e acordamos para um novo dia com o nosso belo jardim. Quem ama, cuida!