Um inusitado visitante

Nunca sonhei em ter um pássaro. Minto. Sonhei sim. Aos cinco anos, idade em que toda criança sonha em ter um animalzinho, uma vez cogitei a possibilidade de ter um passarinho. Arrumei gaiola e tudo, mas animal que é bom, nada. Acredito que meus pais, que sempre tiveram muitos animais, tentaram me privar da dor da perda. Após nos afeiçoarmos, saber que um dia, o animalzinho, este amigo sincero não estará lá, para nos ouvir e fazer comphania é uma sensação triste. Além disso, não posso jogar toda culpa sobre eles, meus sintomas alérgicos também influênciaram muito nessa decisão.

Ganhei de uma tia, um peixinho de aniversário. Foi uma alegria. É você ter aquelea sensação de dizer: “Eu tenho um bichinho”. Mesmo estando com dez anos na época, me sentia como aquela criança de cinco, a brincar com o tão sonhado animalzinho.

Apesar da felicidade inicial, dois meses após ter chegado, ele se foi. Não por falta de cuidado, mas porque ele era um peixinho muito novo. Além do que, o pet shop já havia alertado que esses animais viviam pouco. Naquele dia, a casa umedeceu. A dor da perda, que nunca quis acreditar, que meus pais tanto falavam, havia chegado. E o pior, mais rápido do que imaginava.

Tive ainda mais um, que também faleceu. Mas meu sonho sempre foi um cachorro. Tinha um que morava na casa da minha madrinha. O nome dele era Bile. De pelo escuro e asseado, o cãozinho era a alegria das minhas tardes. Não o vi morrer. Mas nunca mais tive notícias. Na mudança, ele acabou fugindo, a coleira escapou e apesar da correria para tentar alcançá-lo, ele sumiu.

Hoje acordei, com alguém diferente em casa. Sob o cantar de um passarinho levantei. Estranhando, olho o celular e percebo que é bem mais cedo do que havia programado. Após arrumar minha cama, segui para a sala. Mamãe já ao telefone puxou-me de lado. E apontou para o animal. Surpreso, vejo um pássaro em um espaço mínusculo que dividia a lavanderia do teto.

Como ele entrou lá, eu não sei. Segundo mamãe, ele entrou em um voo rasante seguindo direito para o local. Devido à claridade propiciada por este espaço. O animalzinho acreditou que o tal, dava para o meio externo da casa, existindo uma possibilidade dele sair por lá.

O apelidamos de Steve. Não sei o por quê? Minha irmã que escolheu este nome. Agora ficou.Os bombeiros chegaram e ele escapou ainda com vida. Nunca pensei que uma visita inesperada me marcasse tanto. Ontem mesmo, estava a pensar no que escrever, tenho que entregar uma crônica para este mês. As ideias fervilhavam, mas não sabia do que falar. Eis que surge uma luz, um sinal. Termino aqui, mais um texto para o jornal.

Um Abraço

Até a próxima

Vinícius Bernardes
Enviado por Vinícius Bernardes em 09/09/2012
Código do texto: T3872738
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