Um tombo pra ‘salvar’ o dia

O que dizer dos dias que começam com o firme propósito de lhe causar danos? Eu já nem sei se faço questão de esconder as feridas, ou se prefiro deixá-las sangrando, doa a quem doer. Nem o tombo da escada, causando problemas no joelho doeu mais que algumas expressões aflitas que notei estampando rostos que amo ver sorrindo. Quando a gente se sente assim por dentro, assim meio escuro, assim inseguro, o corpo todo reage, e uma queda parece soar como um pedido de arrego das pernas gritando: deite-se, descanse. Tombo bobo exteriorizando sentimentos que eu vinha me esforçando tanto pra suprimir e evitando tanto mostrar. Tivesse eu caído ontem, pois já aprendi a rir dos meus tropeços, mas hoje qualquer desculpa serve para me render à flor da pele e poder desabar sem culpa. Por isso se alguém se incomoda com feridas expostas, não vou me ofender caso não queiram olhar pra mim, mas é que a ausência de risos que me são caros, deixou esse dia amargo e sem direção. Mas se a dor do joelho passa, passa também a do coração.

Marília de Dirceu
Enviado por Marília de Dirceu em 11/09/2012
Reeditado em 12/09/2012
Código do texto: T3876636
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