DOCES TARDES DE DOMINGO

Seria balada, festa,discoteca? Não! era uma reunião dançante e Joaninha se preparava eufórica para a tarde que prometia. Ela, no auge dos seus quatorze anos, queria divertir-se muito na reunião que seria no ginásio do colegio onde cursava o último ano ginasial.

Era o ano de 1966, época em que às mulheres recém estava sendo dado o direito de entrarem em salões de baile usando calças compridas. Joaninha, demonstrando a mulher pioneira que seria, vestiu-se com uma uma calça comprida cor de cáqui, acompanhada de um bolerinho branco.

Joaninha junto com duas amigas dirigiu-se ao ginásio. O cabelo loiro dava-lhe um ar angelical que associado à pureza da blusa branca fazia contraste com a calça cáqui. Porém, foi esse ousado figurino que lhe intimidou à entrada da reunião dançante. Na portaria aglomeravam-se os jovem que mesmo do lado de fora podiam ouvir: .."oh! deixe essa boneca faça-me o favor..."

A preocupação da jovem, quanto a possibilidade de ser barrada à entrada, aumentou, pois os ingressos estavam sendo recebidos por Carlão o presidente do gremio estudantil. Tímida e cabisbaixa Joaninha foi entrando, na esperança de passar despercebida ela e suas calças cáqui.

O grande numero de participantes e o borburinho do acesso, facilitou a entrada de nossa heroína, a qual acomodou-se junto às amigas numa mesa próxima à pista, onde sentiu-se mais a vontade, pois podia esconder as pernas embaixo da mesa. A tarde corria e o conjunto musical invadia o local com: "... meu carro é vermelho não uso espelho prá me pentear". Os pares debatiam-se no frenesi da musica jovem.

Quando o romantismo do "Rei" encheu o ambiente com "como é grande o meu amor por voce", Joaninha foi retirada de seu enlevo por um suave toque às costas. Qual foi a surpresa, Carlão, o presidente do gremio, aquele mulato de quase um metro e setenta, estava ali lhe pedindo: Dança comigo?

CEIÇA
Enviado por CEIÇA em 11/09/2012
Reeditado em 12/09/2012
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