Triste doce chuva
A chuva... nada é mais reconfortante que sua melancolia. O tempo fresco, às vezes frio, trazendo a paz de suas gotas de barulho imperceptível. Massageante...
A alma pede mais que silêncio. Pede sonhos, sonhados ou vividos, que passem uma borracha nas imagens que causam tremor e dor nas cavernas do coração. Escuras, sombrias. De suas paredes várias carrancas de pedra golfam litros de sangue.
E além, bem além da chuva, do outro lado do horizonte (também chove), uma garota respira o ar úmido de suas gotas de paz, deleitando-se com o tempo que limpa a sujeira e afoga o caos do outro lado de sua janela. Mas apesar da limpeza, grande parte da sujeira prevalece. Novos pesadelos se criam na convivência com o lixo, e o lixo é a sociedade que vive ao nosso redor.
Eles estão tristes. A chuva estragou sua viagem planejada durante o feriado prolongado; a chuva não permitiu que eles usassem barracas na areia da praia, poluindo a terra com os restos de seus costumes nojentos e descartáveis.
Sungas e biquínis não desfilaram esbanjando a petulância de suas vaidades. Não se perdeu grande coisa, seus valores fúteis nada acrescentam de aproveitável para o espírito. É tudo lixo. O que eles consomem e o que eles expelem, vermes arrotando ignorância.
Um novo dia está por vir. O sol vai bater na janela do seu quarto, trazendo com ele todo o inferno de uma vida caótica e cheia de tremores...