MATURIDADE EM DANÇA

Teatro lotado. Muito movimento, pessoas acomodando-se na procura dos melhores lugares. Sentei-me e fiquei observando. Para mim é natural assistir espetáculos de dança. Porém este será diferente. Hoje se apresentarão grupos seniores de dança. Todos os participantes possuem mais de 50 anos. Alguns bem mais. Muito mais.

O espetáculo inicia e começam as apresentações das mais diversas coreografias. É notória a liberdade que o dançar oferece a esses dançarinos, que a bastante tempo deixaram de ser quarentões.

Sim. Eles sentem-se livres nos mais variados estilos. É notável a capacidade de entrega e envolvimento com o ritmo dessas pessoas, cujas marcas no rostos estão cobertas pela emoção, talvez da primeira exibiçao em público. É evidente que a adrenalina ali é composta de ousadia e esperança....

Um grupo de senhoras, todas octogenárias, dançam em roda uma valsa vienense, enquanto na próxima apresentação a dançarina sexagenária desfila o figurino um pouco recatado para a sua dança: a dança do ventre....

Diversas cidades próximas trouxeram seus grupos, alguns vieram em ônibus e sua chegada é muito festiva. Como meninas, aquelas senhoras não medem sorrisos, pois realizarão hoje sonhos quem sabe acalentados a décadas.

Alguns grupos são mistos, e as damas tem seus acompanhantes para o tango, para frevo e até para o samba, onde o dançarino ostentando camisa listada e as clássicas calças brancas que combinando com o branco do sapato envernizado, confirmam sua fama de "dançadô".

A luz enfraquece. O bolero começa e lá encima, no palco, o casal de idosos (????) desliza ao som de "...contigo aprendi que sao maiores as pequenas alegrias..."

Enquanto as apresentações vão se sucedendo, eu fico ali pensando em toda a medicação que foi poupada na dia de hoje, em todo o estresses que foi evitado, com o simples ato de dançar...

Fico a imaginar quantas histórias, quantos amores/dores estão guardadas na memória daqueles que, ali em palco, rompem barreiras, preconceitos e permitem-se, esquecidos da idade, explodir em vida a alegria que nem eles mesmo sabiam possuir..

E eu ali, assistindo a tudo isso na primeira fila ...de novo...

CEIÇA
Enviado por CEIÇA em 14/09/2012
Reeditado em 25/08/2013
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