Pães de queijo

 
Por que as manhãs são tão tristes? Sinto saudade da lua... Modo estranho de apreciar a felicidade. Enquanto as pessoas dormiam eu sonhava acordado.
 
Acabo de desfrutar de alguns minutos de liberdade na esquina, tomando um café com pães de queijo. Por tão pouco você se sente livre e realizado!
 
Na outra esquina, não encontrei o velho de chapéu. Tinha outro em seu lugar com um cavalo branco, sujo e feio. Será que o homem do cavalo marrom morreu?
 
Um jovem aprendiz de pastor passou por mim, entregando-me um folheto. Bem vestido, convidou-me a visitar sua igreja. No folheto, dizia: "Quando morre alguém que amamos". O que faz um jovem como ele perder seu tempo tão cedo?
 
Para meu alívio, ouço o galope do cavalo marrom. O velho de chapéu apenas se atrasou!
 
O sol surge queimando minha pele, trazendo com ele todo o inferno que enfrentarei pelo o resto do dia. E a confusão é tanta que já nem sei o que pensar!
 
Aquele café... os pães de queijo... Tomaram-me esses tesouros e já os sinto tão distantes! Tanto que, já louco e indiferente com as conseqüências, quero pegar uma bicicleta e viajar para bem longe com minha mochila.
 
Quero encontrar, em algum lugar hospitaleiro, café e pães de queijo. E quem sabe, assim, encontrar-me também.
 
Porque agora eu sei quem morreu. Fui eu.
 
Por dentro já não existe mais nada de luz. Só a noite em procura da lua.
Sr Arcano
Enviado por Sr Arcano em 19/09/2012
Reeditado em 01/02/2014
Código do texto: T3890567
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