Nepotismo crônico - a quase poesia

Sentou à mesa, em cadeira alta de poder, adentrou a casa nossa e fez do governo moradia. Os laços de família, amizade ou favores vencidos nomeiam tantos incapacitados a cargos em demasia valorizados.

Tem concorrência no mercado de trabalho, tem gente lutando pela oportunidade, tem gente qualificada que não exerce. E tem gente que se favorece e se privilegia.

O nepotismo acaba com o que resta de crença social no poder governamental. Votamos, elegemos, confiamos nosso Brasil a quem há de cuidar, governar e se responsabilizar pelo rumo nacional. Invés das autoridades se honrarem com seus cargos de nível intelectual e de exime capacidade de liderança, eles abusam da influência e nos fazem descrentes da justiça nacional.

A reponsabilidade de nomear e empregar mentes capazes de levar o país rumo ao desenvolvimento social e de âmbito mundial, se restringe ao título do cargo. A capacidade de quem é nomeado através do nepotismo se restringe ao sobrenome registrado. A influência comprou cargos de valores altos, nomeou funcionários desinteressados em trabalho e visionários de salários satisfatórios.

Qual é, então, a parcela culposa da sociedade diante este fato? A nós que assistimos incrédulos e perplexos, porém calados, essa invasão de nosso lar. Nós que presenciamos o desrespeito público e social de quem ,supostamente, nos representa. O que é que nós, partes da sociedade quase conformada, podemos fazer se nossos currículos e capacitações admiráveis não podem concorrer com o poder de indicação? Será que cabe a nós apenas assistirmos passivamente a agregação familiar em cargos de poder, tanto governamental quanto social? Ou será que nós, como donos da casa, como supostos patrões dos que governam, podemos – e deveríamos – nos submeter à revolta, a reclamar nossos diretos e, por fim, devemos retomar o poder?

Porque a casa é nossa, mas o controle da TV tá na mão de quem?