A pior dor de um típico brasileiro
João chegou em casa triste. Muito triste. A camisa toda suada. O olhar triste, olhos vermelhos de tanto chorar. Parecia que o mundo havia desabado sobre sua cabeça.
_ Que houve?- Perguntou a mulher
Ele não respondeu. Também nem era preciso . Ela já imaginava o desastre que havia acontecido. Não era a primeira vez, sabia que ele iria superar como das outras vezes, mas a dor era tremenda. Sabia que aquela noite não haveria amor, conversa, problemas a se discutir. Haveria dor, apenas dor. Dor que ela como uma verdadeira ateniense deveria compartilhar com seu guerreiro.
Havia feito um belo jantar. Frango , batatas, tudo que João adorava. Mas naquela noite, nada caia bem. A comida seria pesada e com gosto de fel. Sem jantar João foi tomar um banho. Dormiria torcendo para tudo ser apenas um horrível pesadelo.
Deitado na cama ,ligou a tv para distrair. A dor horrível no peito. A decepção total se intensificou com a noticia que chegava no jornal:
_ Flamengo perde a grande decisão para o Boca Juniores!
Era o fim. A televisão estava ali para mostrar a dura realidade. Chorando foi dormir.
No dia seguinte, a mulher comentava o fato comigo. Contava como o marido sofrera. Perguntou se também era flamengo. E que tinha achado do jogo. Não era flamengo, era mineiro e torcia para o Atlético. Mas entendia a dor que o pobre torcedor sentia. Mas também entedia como a paixão clubística atingia limites absurdos na nossa vida . Olhei para ela e disse:
_ Neuza! Como somos devotos de nossos clubes !
Passeatas, discussões defendemos nossas cores de qualquer forma, as vezes ate com brigas estúpidas. Já pensou se tivéssemos a mesma dedicação para assuntos mais relevantes :
Segurança, saúde, educação esse país não seria Penta , mas permanente campeão de cidadania
Ela sorriu. Olhou para mim sem entender muito e na sua simplicidade disse:
_ Será que ia mesmo?