SOLIDÃO INTERNA E ETERNA


          Assisti ao belíssimo filme "A FORÇA DO DESTINO" e quero aqui comentar uma das frases mais fortes e expressivas, dita pelo personagem Zack Mayo, vivenciado pelo ator Richard Gere; "Nós estamos sempre sozinhos... no dia em que a gente compreende isso, para de sofrer!"
          Ponho-me a pensar no vazio existencial que reside no âmago de todo ser humano, ainda que se veja cercado de pessoas, de afeto, de carinho... Pessoas que se encontram absortas em seus próprios problemas, ansiosas por falar e derramar tais problemas sobre outros ombros e com pouca disponibilidade e sensibilidade para ouvir; afetos e carinhos que se contentam com a superficialidade... com o alisamento da pele... que não trazem em si a força, a vontade ou a coragem para o mergulho na essência e na alma do outro: verdadeira e eterna morada da solidão!
          E quando o manto da noite se estende sobre a face da terra? Sozinho, na escura solidão de si mesma, cada pessoa se debate e entra em acirrada e inútil luta corporal contra os seus medos, fantasmas, demônios... Inútil resistir! Vencida, extenuada, trêmula e descrente, resta apenas rezar para que a noite seja breve e ceda espaço 'a luz do dia, que virá majestosa e bela, para iluminar a miséria e a fragilidade de cada ser sobrevivente.
          E quando vem a enfermidade e a inquietante e apavorante sensação da presença iminente da morte? De que adianta a presença de alguém, se a nossa presença vai se transformando em ausência? De que adianta o sorriso encorajador, se a lágrima toma conta do nosso olhar? De que adianta a voz suave, dizendo que ama, se a nossa se esvai e foge para o mundo do silêncio? De que adianta a mão entrelaçada, quente e forte, se a nossa está gélida e a fraqueza vai ganhando força e determina a frouxidão, a lassidão em nossos dedos?
          E vem-nos a terrível revelação: estamos miseravelmente sós. E no momento em que entendemos isso... o nosso coração para... e deixamos de sofrer!



Alexandre Brito - 26/09/2012 - 10:14
(*) Imagem: Google
Alexandre Brito
Enviado por Alexandre Brito em 26/09/2012
Código do texto: T3901989
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