FESTA DE SANTO ANTÔNIO

Em seu livro " Os Antepassados-I Volume- A sua terra “, o historiador Pedro Maciel Vidigal, assim escreveu: " É mesmo Santo Antônio luz do mundo. E, para alumiar o bom destino de Calambau, guiando-o nos caminhos do bem e afastando-o dos atalhos dos erros, foi ele certamente escolhido para seu patrono celeste”. De acordo com o mesmo autor, a imagem de Santo Antônio veio de Portugal em 1733, encomendada por Dona Ana Cabral da Câmara que colocou sob patrocínio de Santo Antonio a capela por ela construída naquele ano, em Calambau.

A festa de Santo Antônio de Calambau, festa do Padroeiro, tem sempre a participação da comunidade e é feita com muito carinho. Atualmente, em cada dia da trezena de Santo Antônio, uma comunidade rural ou uma organização da cidade (escola, funcionários da saúde, associações religiosas e outras) fica responsável pela reza à noite. As comunidades rurais cantam a missa, preparam os meninos para a coroação e ofertas de lírios ao Santo. É muito boa esta integração, pois dá ao pessoal da zona rural uma oportunidade de, também, demonstrar o seu talento e sua espiritualidade. Sempre há encenações de partes da vida do padroeiro. Cada noite, o Santo Antônio visita uma residência da cidade. A casa visitada, geralmente, promove leilões de doces, salgados e frutas, cuja renda é revertida para a Igreja.

Na véspera da festa, à noite, levanta-se o mastro com a bandeira do Santo. Esta bandeira sai de uma casa e é carregada pelos “mordomos” ( geralmente, um casal) que são acompanhados pela banda de música e pelo povo em procissão. Tudo isso com muitos foguetes.

Como acontece há muitos anos, no dia 13 de junho, é celebrada a missa solene e uma concorrida procissão levando a imagem do Santo pelas ruas da cidade. Esta procissão sempre é abrilhantada pela Banda de Música. Logo após a procissão, há sempre um leilão de animais, prevalecendo os bezerros e porcos. Antigamente, os fazendeiros ofereciam carros de milho (mais ou menos dez sacas de milho em palha).

Na década de 50, nós, os meninos da época, ficávamos na expectativa da saída dos carros de bois para Calambau (na época, Distrito de Piranga) transportando o milho. O carro de Antônio Custódio, cedo, já estava saindo do Quenta Sol, cantando, tendo como carreiro o Teopisto e como candeeiro o seu filho Zizinho (Ventura). O carreiro Zé Luquinha tendo como candeeiro o Nego, seu irmão, também já havia saído da fazenda Baía, indo também para Calambau. O mesmo acontecia com o Gustavo de Moura. Ele carreando e o Sô Milton (seu filho) candeando os bois. O carro do Sô Dino, com suas lindas esteiras, também seguia para o mesmo destino. No carro do Sô Matias de Moura, o seu filho Ciro candeava os bois para o carreiro Gatinho. E este carro era o primeiro a chegar à cidade, pois o Matias, por ser músico, tinha que ir para a alvorada ,de madrugada, e já acordara toda a turma da fazenda.

Estou citando apenas os fazendeiros da vizinhança (Baia, Quenta-Sol, Cachoeira do Jurumirim, Bico de Pato, e Vista Alegre. Nas demais regiões, também, acontecia o mesmo.

O leilão era muito animado pois os leiloeiros, principalmente o Juquita, sabiam o momento exato de dizer o dou-lhe uma, dou-lhe duas e dou-lhe três, entregando a mercadoria leiloada a quem oferecesse o maior preço. Quando aparecia no leilão um prato de doces ou alguma outra guloseima que alguém arremataria para o leiloeiro, este dizia rapidamente dou-lhe uma, dou-lhe duas e dou-lhe três, apossando-se rapidamente da prenda.

Após os leilões, o pessoal voltava para casa. Alguns, principalmente os da zona rural, ainda davam uma passadinha pelas barraquinhas que eram armadas no Largo da Matriz- hoje Praça Cônego Lopes, onde várias bugigangas eram oferecidas. Na Rua do Beco (hoje São Vicente), os cavalos e charretes já estavam sendo preparados para retornarem às suas casas. Os carros de bois, que trouxeram o milho para o leilão, também voltavam , agora, cheios de gente (caroneiros).

Após a festa, o povo sempre ficava feliz, pois mais uma vez homenageara o seu querido protetor: " Santo Antônio de Calambau".

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Murilo Vidigal Carneiro - Calambau/agosto/2012

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Enviado por murilo de calambau em 27/09/2012
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