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         Na crônica que deu início a esta série, conto como aconteceu meu amor pela Bahia. Falo também de meu primeiro show de Bethânia. Pois bem, hoje vou falar do primeiro disco dela e da situação bem apropriada em que ele me chegou.
         Minha família era aquela de costumes arraigados. Ou seja, sempre faziam a mesma coisa, nas mesmas datas, com as mesmíssimas pessoas. Tipo: minha mãe e minha tia revezavam entre o dia de natal e o dia de ano novo, para reunirem todos para os almoços e jantares.
         Para mim, era tudo festa. Podia encontrar com meus primos, em média dez anos mais velhos que eu, e conversar e rir a beça. Claro, que não deixava passar coisa alguma. Marcava em cima, para ver os “foras” das pessoas e rir pra valer. O normal era o natal em casa de minha mãe em Jundiaí e o primeiro do ano, em casa de tia Felícia em Sampa, na Vila Formosa. Está na cara que elas competiram a vida toda, pra ver quem promovia as melhores refeições, que chegavam a pequenos banquetes. Hum! Deu-me água na boca.
         Lembro-me que meu pai comprava balas, para dar às crianças que ficavam ao longo da Rodovia Anhanguera, angariando donativos. Não estou certo, que as balas de meu pai, as satisfaziam em qualquer quesito. Enfim, ele se sentia uma alma nobre, fazendo isso... Ai, ai!
         No primeiro do ano de 1972, estávamos lá, em Sampa, pós-almoço, quando um de meus primos, o Rubens, me chamou para ir a seu quarto ouvir uns discos novos que ele tinha comprado. Eu já era viciado em música, mas dependia do gosto de minha irmã, para ter acesso ao mundo musical. Já tinha discos, mas eram todos de presente. Todos da jovem guarda. Sempre que possível, curtia os discos de meu cunhado, vanguardista na MPB. Através dele conheci João Gilberto, Chico Buarque e Dois na Bossa.
         Em minha memória, já tinha visto uma vez, a Bethânia na TV, quando do Carcará...  Lembro-me, claramente, da reação negativa de minha mãe, pelos motivos óbvios. A frase: não sei se é homem ou se é mulher, nunca me saiu da cabeça.  Muito bem, meu primo apresentou-me, simultaneamente aos discos “Gal Fa-Tal A Todo Vapor ao Vivo” de Gal Costa e “Rosa dos Ventos” de Bethânia... Emprestou-me ambos. Misericórdia! O resultado, ainda colho, até hoje, em cada verso que escrevo. Em todos os compassos que cantei, ao longo da vida... Graças ao universo, foram muitos... Ali, foi traçado, definitivamente meu destino, dentro da Arte. Dentro da música unida à poesia. Marca registrada dos dois trabalhos. Gal influenciou-me o canto! Bethânia, a interpretação e a paixão pela poesia. Mais: trouxe-me Fernando Pessoa e Vinícius de Moraes embalados para presente.
                   Para o garoto de 12 anos, foi o voo! Nunca mais fui o mesmo. A partir daí, passei a me guiar, a orientar meu pensamento pela Arte. Peças de teatro, músicas, filmes, livros, passaram a ser meu norte. Além do soberano palco, a quem devo tudo: simplesmente todo o meu mundo.





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Claudio Poeta
Enviado por Claudio Poeta em 27/09/2012
Reeditado em 27/09/2012
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