Onde andam seus olhos?

Eu detesto esperar, nós detestamos esperar e, até então, nenhuma novidade. Ontem, estava esperando, quando ele passou. Olhei-o de forma dúbia, como quem manda se afastar, mas ficar ali, contar a vida sofrida que os olhos denunciavam. Passou por mim, acuado e, sorrateiramente tentou contato “quase verbal”; digo quase porque não reparei se um só verbo concordava naquele papel gasto, o que nem importa muito, porém destaca minha procura incessante por agulha em palheiro (perfeccio-eufemista). Cacei (foi uma caça, ok?) na bolsa as últimas moedas e, antes que pudesse perguntar se aqueles irmãos em nome dos quais ele pedia realmente existiam, a espera acabou; hora de ir - home sweet home.

O episódio não me tirou o sono, nem adormeci pensando nos irmãos, possíveis órfãos ou abandonados e coisa e tal. Acho que ando menos dramática. O fato é que não esqueci os olhos, sobretudo os meus. Sempre acreditei na força deles (os olhos). Há olhares que te roubam as energias. Outros te mostram o caminho e há, ainda, aqueles que aquiescem, no silêncio mais profundo: conte conosco.

Ontem, meus olhos foram veículos do certo e errado e isso é o que subsiste, apesar do desfecho.