Biografia de um Oportunista
Jorge Linhaça
 
A UOL publica a seguinte biografia de José Serra:
As inserções em itálico são minhas.
 
José Serra nasceu no bairro da Mooca na capital paulista. Ainda adolescente, ingressou na política, como presidente da União Estadual dos Estudantes de São Paulo entre 1962 e 1963. Depois, nos dois anos seguintes, foi presidente da UNE.;
1964 e 1965, portanto...

Perseguido pelo governo militar, três meses depois do golpe de Estado que derrubou João Goulart em 1964, seguiu para o exílio.
Aqui começam os fatos estranhos:
Se presidiu a UNE de 1964 a 1965 como diz a biografia, como foi para o auto-exilio na mesma ocasião, três meses após o golpe?
Obviamente não presidiu a UNE por dois anos. Escafedeu-se para o Chile, tão logo "sentiu-se em perigo" aliás largar as coisas a meio é a cara de Serra desde então.
 
No exterior, Serra enfrentou dificuldades e não pôde concluir seus estudos de engenharia. Decidiu, então, cursar Economia. Fez seu mestrado nessa disciplina pela Universidade do Chile, da qual se tornou professor. Também foi funcionário da Organização das Nações Unidas nesse período.
 
Falta aqui assinalar o extraordinário "senso de oportunidade" que haveria de guiar a vida de Serra até hoje.
Enquanto enfrentava as tais dificuldades para se formar, deu um jeitinho de fazer parte da família do então presidente Salvador Allende. ( por que isto não é citado?)

Obrigado exilar-se novamente, após o golpe de Pinochet (contra Allende), Serra foi para os Estados Unidos onde obteve outro mestrado e o doutorado em Ciências Econômicas pela Universidade de Cornell. Por dois anos, trabalhou como professor do Instituto de Estudos Avançados de Princeton.

Duas coisas me causam certa curiosidade aqui:
 
Terá sido mera coincidência que, tão logo Serra aproximou-se do poder, tanto aqui quanto no Chile, um Golpe Militar derrubou o governo estabelecido democraticamente?
Por que cargas d'água um esquerdista,foi morar justamente na toca do lobo e não foi devorado por ele? Ou será que foi catequizado pelo Tio Sam?
Como um "exilado de esquerda" não apenas faz cursos nos EUA bem como lhe foi permitido lecionar naquele país em plena Guerra Fria?


Em 1978, José Serra retornou ao Brasil. Tornou-se professor da Unicamp, pesquisador do Cebrap e editorialista da Folha de S. Paulo.
 
(Talvez aqui se explique a paixão que a Folha tem por ele até hoje.)
 
Ajudou a fundar o PMDB, a partir do antigo MDB, sendo relator do primeiro programa do partido. No governo Franco Montoro (1983-1987), foi Secretário de Economia e Planejamento do Estado de São Paulo.
 
Mais uma vez a oportunidade casou-se com seus anseios. PMDB acrescentou apenas uma letra à antiga sigla, aliás todos os partidos a partir daí incorporaram o tal "P" Foi nessa época que surgiu o pluripartidarismo e o MDB e Arena fragmentaram-se, pois até então abrigavam vários grupos de ideologias diversas.Serra começava sua escalada rumo ao poder já no PSDB, que se declarava de esquerda.
 
Elegeu-se deputado federal em 1986 e reelegeu-se em 1990. Quatro anos mais tarde, foi eleito senador por São Paulo. Em seguida, ocupou o Ministério do Planejamento e Orçamento do governo Fernando Henrique Cardoso até meados de 1996. A partir de abril de 1998 assumiu o Ministério da Saúde.
 
Em resumo, após ser um deputado sofrivel, votando contra os avanços dos direitos trabalhistas durante a constituinte, e ser eleito senador, largou o cargo e foi dar início aos planos de privataria.

No ministério, comandou uma campanha de combate à Aids que é reconhecida como referência no mundo e que é, hoje, adotada por diversos países. Também implantou os genéricos e regulamentou a lei de patentes, fazendo aprovar uma resolução da Organização Mundial do Comércio que permite aos países quebrarem patentes em caso de interesse da saúde pública.

 
Aqui é necessário esclarecer que a implantação dos genéricos já vinha sendo solicitada por outros parlamentares que esbarravam na falta de vontade da bancada tucana. Serra só partiu para a implantação dos genéricos após visitar a India e reunir-se com vários laboratórios farmacêuticos e assegurar-lhes que seus lucros não seriam afetados.
Deixariam de ganhar nas unidades mas a médio prazo aumentariam os lucros na quantidade de remédios vendidos.
Enquanto levava a cabo o "seu" plano de combate à AIDS, deixou o país mergulhar na maior epidemia de dengue da história, demitindo os agentes responsáveis pelo seu combate em vários estados.
Durante sua vida ministerial participou ativamente das privatizações de estatais federais e estaduais, causando a demissão voluntária ou compulsória de milhares de servidores concursados e de terceirizadas ligadas às estatais
Ao ver o rombo eleitoral que isso lhe causaria, estendeu o seguro desemprego de um para três meses como forma de conter a insatisfação popular.

Em 2004, José Serra assumiu a prefeitura de São Paulo, com um desempenho que correspondeu a sua imagem de administrador eficiente e aumentou sua popularidade. Assim, mesmo tendo feito a promessa de cumprir integralmente o mandato como prefeito, deixou o cargo para concorrer ao governo do Estado. Conseguiu conquistar o eleitorado da capital e do interior, elegendo-se governador de São Paulo, no primeiro turno, em outubro de 2006.
 
Mais uma vez sua ambição pessoal fê-lo abandonar um cargo a meio do mandato.Qualquer semelhança com sua promessa da campanha atual não é mera coincidência. Note-se que ele não diz que não deixará o cargo de prefeito, se eleito, para disputar qualquer outra eleição, apenas cita que não será candidato à presidência da República.Como a bola da vez é seu escudeiro Alckminn, deverá então correr para a campanha para tentar ser Governador.

Obedecendo à lei eleitoral, em abril de 2010 José Serra afastou-se do governo do Estado, a fim de assumir sua pré-candidatura à presidência da República pelo PSDB, não sem antes inaugurar o trecho sul do Rodoanel, obra viária fundamental para diminuir os graves problemas de trânsito que afetam São Paulo. Em discurso, durante o lançamento de sua pré-candidatura, Serra afirmou: "De mim, ninguém deve esperar que estimule disputas de pobres contra ricos, ou de ricos contra pobres. Eu quero todos, lado a lado, na solidariedade necessária à construção de um país que seja realmente de todos".
 
O discurso de Serra é um e a sua ação é outra. Durante a campanha eleitoral para presidente usou seus blogueiros e spamers para divulgar textos apócrifos que transformaram os pobre e os nordestinos em bodes expiatórios para o seu fracasso cada vez mais evidente nas urnas.
Além disso, quem prestar atenção nas pseudo obras feitas por Serra para favorecer os pobres, há de ver que sempre há uma sombra de valorização imobiliária dos entornos.Isso sem contar a terceirização do metrô e da saúde paulistana.
O Rodoanel? após anos de promessa que não seria pedagiado, tão logo se entregou o trecho e pimba...lá vieram os pedágios.
Isso sem falar nas tentativas de pedagiar as marginais.
Lembrem-se: pedágios aumentam o valor dos fretes e o aumento dos fretes aumenta o preço dos produtos que chegam à sua mesa ou casa.
 
Hoje, o mesmo Serra tenta voltar com o mesmo discurso...felizmente seu índice de rejeição anda tão alto ( 45% dos eleitores paulistanos não votariam nele nem com uma arma apontada pra cabeça ) que perderia até para oTiririca, se não tivessem sabotado sua candidatura.
Afinal, entre votar em um palhaço e ser feito de palhaço por um eterno demagogo, o povo votaria alegremente no Tiririca, que, aliás, está entre os deputados mais atuantes.
Isso sem mestrados e doutorados...
 
01/10/2012