OS DIAS

A sarjeta, o subúrbio, os pivetes, o ser que era bacana, a bebida, a corrida, o trabalho, pouca grana, o marginal.

Coitado dos cartazes, das crianças que nasceram na música da cidade, no lazer invisível que corta as ilusões através do não, da negação. Renascem com a esperança ilusória do dia que chegará, e uma lágrima rola nos sentidos, recolhendo-se no leito da dor. Cada qual com a sirene de estar em algum lugar que até o fim do dia não conseguiu realmente chegar.

No outro dia, os portões são abertos novamente e a massa cinzenta (não a do cérebro) com desilusões cavalga novamente. Para o ciclo onde o fogo já é uma opção de vida e uma vegetação suspensa no ar de negras visões.

Os dias passam e a cor verde cede lugar ao cinza, porém o verde e o amarelo são embalados com o pacto de sempre ter esperança levando em seus dias, um dia de ilusão!

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Esta crônica foi escrita para uma entrevista no Jornal Diário De Marília em 1991