DEBAIXO DO BERÇO

A pequena Renata, brincando inocentemente como toda criança de sua idade (aproximadamente cinco anos), pisa no quintal de sua casa, em uma agulha de costura de mão, que não se sabe porque, estava exatamente fincada no chão e com a ponta para cima, talvez obra de alguma outra criança que certamente não sabia a noção do perigo que aquilo representava. Assim que a agulha perfurou o pequeno pezinho de Renata, a primeira intenção da Dona Fátima, sua mãe, foi de extrair imediatamente o objeto, o que se tornou impossível, porque a agulha simplesmente desapareceu sem dar a menor chance de extração. A preocupação maior de Dona Fátima era o temor insuportável de que a agulha andasse pelo corpo, levada pela corrente sanguínea, vindo perfurar o coração, como acreditavam e ainda acreditam alguns, e eu também não sei até que ponto isso é uma verdade ou ficção.

O desespero de mãe, levou Dona Fátima a levar a sua filhinha imediatamente para o hospital público mais próximo, para que a menininha ficasse em observação, necessitando ser internada até que a situação fosse resolvida. O problema maior, é que a pequena Renata, se fosse necessário, deveria passar a noite no hospital sozinha, pois não era permitido acompanhante, o que estava fazendo doer e sofrer um coração de mãe, que não estava se conformando com a ideia de deixar a filhinha querida ali sozinha.

O fato, é que a Dona Fátima na época, não se deu por vencida e driblando todas as dificuldades, escondeu-se debaixo do berço da pequena Renata, passando a noite ali sem que ninguém no hospital percebesse, já que os quartos eram individuais e poucos visitados pelos funcionários durante a noite e madrugada. A mãe persistente e não ausente podia agora fazer um carinho na filhinha sempre que quisesse e devolver novamente a chupeta à amadinha todas as vezes que por descuido essa saía-lhe da boca. A frase mais importante que a mãe repetiu muitas vezes naquela noite, enquanto fazia-lhe um carinho e a pequena Renata ouvia: - Mamãe está aqui meu anjinho, não tenha medo!

No dia seguinte, pela manhã, Dona Fátima foi flagrada no quarto, porém ninguém ousou criticar a sua atitude. O seu ato estava a refletir o amor verdadeiro que uma mãe sente por um (a) filho (a), onde o amor fala mais alto que os possíveis erros cometidos em nome do amor.

Naquela manhã e de forma misteriosa, a agulha de costura de mão resolveu dar novamente o ar da graça, aparecendo próximo ao local onde havia entrado e foi extraída, ali mesmo no hospital.

Dona Fátima e a pequena Renata voltaram para casa radiantes de felicidade, porém os funcionários daquele hospital aprenderam a lição de que nenhuma regra, lei, barreira ou o que quer que seja é capaz de deter a expressão de um amor verdadeiro, ainda mais se essa for a expressão do amor de mãe.

Antonio Alves
Enviado por Antonio Alves em 04/10/2012
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