Extremos

Chove há mais de uma semana. É o que veio substituir o calor intenso dos últimos meses.

Ontem, lá pelas 15 horas, começou a chover torrencialmente. Durou horas, o temporal. À tardinha, arrefeceu. Pela madrugada, nova tromba d’água. A chuva cai com tamanha intensidade, que batendo nas vidraças e no telhado, parece pedras de granizo.

Amanheceu com sol. Agradeci a Deus. Minha casa, que está em bairro relativamente seco, está rodeada de água, com cerca de 10cm de altura. Está um istmo. Há uma pequena faixa menos atingida, que me permite sair de casa, pela porta da frente.

Troveja, sacudindo tudo. O cachorrinho, que não é meu, mas me adotou, me segue por dentro de casa. Deita sob a mesa do computador. Olha-me assustado. Ele tem pavor de água. Treme e deita sobre o tapete do quarto, fugindo dos raios.

Ele deve pensar “Que raio de casa é essa que não tem paredes para me proteger?”. Só o quarto e o banheiro são fechados. A luz entra por todos os lados. Para esconder-me dentro de minha casa, só fechando todas as portas e janelas.

Lembro que costumo falar que nem tudo é absolutamente bom, nem totalmente ruim. Assim também acontece com a chuva. Passamos meses implorando por ela, suplicando pelo fim do calor escaldante.

Acho que exageramos, pedindo a todos os santos. Segundo uma de minhas sábias tias, devemos enviar nossos pedidos à somente metade deles, para que as concessões nos cheguem na medida certa.

As lavouras, que tomaram o sol inclemente, agora se encontram sob a água, tão necessária, mas em excesso, um flagelo também.

Depois de uma hora de chuva torrencial, uma claridade estranha avisa:” Sou o sol. Continuo aqui”.

Penso na nossa responsabilidade, como humanidade, nesses extremos que a natureza vem apresentando. Ela, como nós, está incoerente. É conseqüência.

24/02/2007