Lembranças da infância

Ouvi esta história de uma amiga e compartilho-a com vocês:

Quando eu era criança, tive várias bonecas, lindas, rosadinhas, mas todas foram motivo de tristeza quando lhes dava banho e aquela tinta escorria, deixando à mostra o jornal que lhe dava forma.

Meu sonho era ter uma boneca que abrisse e fechasse os olhos, que chorasse, e que não desmanchasse quando lhe desse banho.

Aos sete anos de idade, fiquei muito doente com febre alta, garganta inflamada. Faltei vários dias de aula. Não me alimentava. Então minha mãe me levou a uma loja de brinquedos (acho que era a única da cidade) - Loja do Halim.

Lá ela falou para eu escolher uma boneca. Fiquei deslumbrada sem saber qual era a mais bonita.

Fiz a escolha e dei-lhe o nome de Jane em homenagem a mãe de uma colega e amiga que eu achava linda! Dona Jane era loira, de olhos azuis, como as mães que apareciam nos livros de histórias infantis.

Quando sarei, a boneca desapareceu e no seu lugar apareceu outro exemplar da boneca de papelão.

No Natal Jane, a boneca, reapareceu.

E assim aconteceu em vários anos. Minha mãe a guardava numa caixa de madeira em cima do armário e só tirava na véspera do Natal.

Quando a boneca ficou liberada para brincar todos os dias do ano, começaram a acontecer alguns acidentes. Era dedinho faltando, era marca de cola na cabeça e alguns esfolados.

Hoje ela voltou a ser guardada numa caixa como relíquia e lembrança dos bons tempos de criança.