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              G R I L O S


A noite é calma,morna e mergulhada no escuro,guarda o cheiro das cerejas.
De quando em quando um e outro fruto desprende-se dos galhos,tamborina pelo telhado e calhas,espatifando-se calçada à fora.
Ah! Esta noite ...Com seus mistérios e silêncios.
Convites à reflexões,divagações...
Noite de quietudes maculadas.O desespero de um grilo estraçalha silêncios.
[Silêncio de breu num jardim cheirando à cerejas.]
E o grilo persiste...
Rasga , sem pudor , sua massacrante solidão de grilo.
Irritado lhe ouço e, este pequeno ser...
Deixa-me grilado.
Abro a janela às parcas estrelas pontilhando um céu quase embaçado.
Aspiro o silêncio estraçalhado das horas mortas.
As estrelas piscam lentamente,como que acompanhando o cri cri do solitário do jardim.
Ajeito a cortina.O cheiro das cerejas invade meu quarto.
Amanhã será um novo tempo.