NOSSOS 15 ANOS

Falta pouco, ou faltará muito ainda, pra chegar o dia do aniversário da minha princesa? 15 anos! Quanta beleza, a inocencia sucubindo aos desejos da vida, rebeldia sem justa causa, adolecencia vigorando! E eu aqui, treinando minha loucura em busca da melhor e mais barata festa. O sono já me abandonou faz tempo, passo minhas noites rebuscando temas e decidindo a melhor forma de economizar sem perder a qualidade de tudo o que se refere à festa.Busco, rebusco, torno à buscar, pesquisa e imagens no meu amigo Google, de docinhos e suas receitas, cupcakes ( must), pulseirinhas VIPs, salões. Por falar em salões, me aterroriza a idéia de um espaço que será ocupado por apenas 5 ou 6 horas, custar o equivalente à um mes de aluguel do mais sofisticado apartamento da Zona Sul.E o vestido? O vestido? Não, os vestidos, porque não pode ser apenas um vestido, deve obrigatoriamente, segundo a debutante, ter duas trocas de roupas. Um para receber os convidados e outro para a valsa e mais um pra balada, e por falar em balada, o DJ tem que ser especialista. Como posso saber de antemão, se um DJ é bom ou não? Nem sou amiga do Malboro!MAs, vamos lá, eu e meu insano sono, que não vem.E já que a noite é uma criança, recordo do meu vestido de 15 anos. Como assim? Que vestido, que 15 anos?Esquecí? Não, não esquecí, simplesmente não tem o que ser lembrado, ao contrário, deve ser esquecido.MAs, as lembranças teimam e teimam e como sou teimosa de nascença ( nasci aos 8 meses, por pura teimosia),por pura teimosia, resolvi nos meus 15 anos, mudar meu visual. Cabelos longos, escorridos,a paixão de meu pai, adorador de madeixas,já não me agradavam, a não ser pelo fato de ser o único ítem, capaz de me modificar radicalmente de uma única tentativa. Disposta, fui à um salão fazer a tal mudança. Estilo Elis Regina, era a moda da época. Curtíssimo!E lá se foi pro chão meus fios castanhos escuros, quase negros, contrastando com o piso do salão de beleza.MAs, "beleza" mesmo, foi a caminho de casa, lembrar da preferencia cabeluda de meu pai. E agora? E na tentativa ( como essa de dormir) de esconder o "mal-feito", cubro a cabeça com um belo lenço estilo indiano emprestado de uma "BBF",( na época era só amiga mesmo), que tambem amendrontada, abraçou-me, desejou-me chorosa um " Feliz Aniversário" e partiu. Dias depois, como sempre acontecia, refugiamo-nos no banheiro escolar, para contarmos nossos hematomas e marcas de cinto. E Elis permanece até hoje em minha cabeça, cantando " Como nossos pais..." e um outro refrão que não me deixa: "Nem sempre ganhando, nem sempre perdendo mas, aprendendo a jogar), cantigas daquela época!E assim foi, aquele 15 anos. DEbutei pra vida, pra sociedade, pra mim mesmo, e agora tantos anos depois, rabisco inúmeras vezes o texto do cerimonial da minha princesa, em vão, pois, papel encharcado, mancha a escrita. Preciso ver o preço de um Cerimonialista.

E se ela pensar em trocar novamente as cores do tema, a proíbo de ir à festa.Preciso dormir, amanha providenciarei as lembrancinhas.