PÓS URNAS

Como tinha prometido, votei em branco.

Foi extremamente simples; primeiro voto – branco-confirma.

Segundo voto; branco-confirma.

Sinal eletrônico – FIM

Nada mais simples; nada de decorar números, com possibilidade de errar, como aquela candidata que fez toda a sua campanha divulgando um número que, afinal, não era o dela, nem a tristeza de outro concorrente que só teve um voto, que, com absoluta certeza, foi dele mesmo; nem sua própria família teve coragem de fazer o mesmo e isso é o maior castigo que alguém pode merecer. Nossos agradecimentos a essa família cheia de juízo, pois, assim, livramo-nos de mais um peste.

Em quase 6000 municípios, apenas pouco mais de 400 solicitaram a presença de forças militares; acho pouco, considerando que ainda há muito "coronelismo" neste pobre país, bem como ainda floresce a "indústria" das benesses de boca de urna: transporte, comida e, até, dentaduras novinhas em folha e dinheiro sujo em espécie.

Um enorme contingente de pobres interioranos (e mesmo citadinos) ainda é atraído por essas "ajudas" de última hora e, por isso, são corresponsáveis pelos resultados suspeitos da maioria das eleições.

Candidatos sem a menor condição para o exercício de importantes funções na vida pública são eleitos e com votações maciças!

Tenho alguma cultura, possuo um título de nível superior, escrevo, atropelo a poesia, aprecio a música erudita, leio muito, persigo, com afinco, o conhecimento, pelo menos elementar, de todos os campos da atividade humana e, ainda assim, cada vez mais me convenço de que nada sei.

Com tudo isso, se me candidatasse e eleito fosse, assumiria com muita preocupação o meu cargo e faria o impossível para honrá-lo.

Entendo que se alguém não tiver a mesma preocupação ou vai ser massa de manobra ou suas intenções não serão bem aquelas que se deseja.

Nesta última eleição senti que alguma coisa está mudando; um vislumbre de reação atravessou a cortina do "deixa pra lá"! Tem gente (e muita) que está enviando uma mensagem importante e que deve merecer a atenção dos governantes e do próprio povo como um todo.

Foram vinte e dois milhões de votos nulos, brancos e de abstenção!

Vinte e dois milhões, não são vinte, nem vinte mil, nem duzentos mil; são , em algarismos, 22.000.000, o que, num universo de cento e quarenta milhões, representa um percentual mais do que significativo.

Isto quer dizer que um enorme contingente de brasileiros deixou de confiar na classe política...e com enorme razão.

E o pior é que, a cada eleição, moscas novas e com fome devastadora são levadas a posições de vital importância para sociedade, eternizando o caos em que nos encontramos.

Prescindir de homens públicos. não é razoável, nem plausível, mas continuar com o nefando cenário de hoje é insuportável e o panorama que hoje divisamos leva à perigosa tentação de prescindir do legislativo, como forma de pôr cobro a tanta infâmia, ao cúmulo do descalabro, à malversação crescente da coisa pública, ao roubo descarado, à corrupção que atinge a célula-mãe da sociedade, que é a família.

Continuo procurando uma solução, um caminho, uma simples trilha que possa me levar a um novo horizonte, mas, sinceramente, não a encontro e continuo dentro de um negro cipoal, onde não entra o sol do bom senso, do patriotismo, da honestidade, dos bons propósitos.

Em última instância, rogo a Deus, pois só ele, no meu entender, sabe qual o caminho a nos abrir.

(não deixe de ler o colega PauloRobertus)

 

 

paulo rego
Enviado por paulo rego em 17/10/2012
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