A vingança engorda

É claro que a vingança deve ser condenada, não devemos nunca nos ater ao revide buscando compensar um dano que nos foi causado, esta é uma lógica, a isto devemos chamar de racionalidade e assim devem se comportar aqueles que se diferem dos irracionais, e que possuem um indicador que faz pinça com um polegar. Mas, e se nos sentirmos vilipendiado, tripudiado, humilhado e achincalhado?

Quem já viveu a experiência de uma dieta alimentar, quando é colocado em prática todo o férreo e hercúleo desejo e esforço visando o emagrecimento? Itens vitais ao um ser de bom gosto, como o chocolate, barra grande, a Coca Cola, dois litros, são cortados de forma a nos sacrificar e tirar todo o bom humor daquele que sempre gozaram dos privilégios proporcionados pelas guloseimas, que nos são quase que vitais.

Brigadeiros, pão-de-queijo, bombas (Por que existe a Padaria Orly?), nada do quindim de Itanhaém, até nossas principais receitas, que fazemos com regular freqüências, são banidas, não de uma forma natural, gradativamente, mas de forma abrupta, desumana e que nos levam à histeria, à psicose; perguntem ao psiquiatra quais os demais danos que tudo isto pode nos causar.

Nos primeiros 10 dias você perde até 5 quilos, que representam a Coca doce, viciante e maravilhosa, que foi deixada no esquecimento, não esquecimento não, foi abandonada sem escrúpulo, pois deixamos ao abandono uma companheira que carregamos a vida toda nos alforjes.

Após os 10 primeiros dias a balança torna-se imutável, não se move, não se compadece, não nos estimula; inflexível, mas mostra gramas a mais que ganhamos, quando nos excedemos nos líquidos.

É uma tormenta, é um martírio, você se saber desligado de todos os prazeres que os melhores pratos oferecem, sem que a balança reconheça seu sacrifício.

Diz um provérbio chinês, que quem sai para a vingança deve cavar antes duas covas; quando nos dispomos a vingar da maldita, que quando cega representa a justiça, temos que cavar algo fundo e largo; cova de onde se tira terra para se fazer um aterro.

Nos pomos a comer, comer tudo que havíamos deixado de comer, balanças quebradas não testemunharam a vingança justa

Cientes de só que nos pesaremos nas estradas de rodagem, onde são pesados caminhões, de que catracas de ônibus não permitirão nossa passagem e cientes, sobretudo, de que nosso cardiologista nos indicará um psiquiatra capaz de controlar a voracidade que nos domina...voltamos ao quindim de Itanhaém, à bomba da Orly e a todas nossas especialidades que fazemos com curtos intervalos e com conhecimento de cátedra, e que a vingança nos engorde e nos faça felizes... um brinde

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 19/10/2012
Reeditado em 19/10/2012
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