A Bíblia segundo Malafaia

A Bíblia Segundo Malafaia

Jorge Linhaça

"1No princípio era o Serra, e o Serra estava com Deus, e o Serra era Deus.

2Serra estava noprincípio com Deus

3Todas as coisas foram feitas por ele e sem ele nada do que foi feito se fez.

14 E o Serra se fez carne e habitou entre nós."

Parece heresia? Não para Malafaia!

Para o milionário pastor eletrônico, Serra é ao mesmo tempo criador e criatura lembrando o dogma da infalibilidade papal, Malafai atribui a Serra tudo que de bom exista sobre a face da terra. Não importa que a mulher de Serra tenha abortado por opção do marido, não importa que Serra tenha liberado a avenida paulista para a "parada gay"...nada disso abala a crença de Silas de que Serra é o novo salvador enviado à terra para a salvação de todo aquele que nele crer. or Nem mesmo o material distribuido nas escolas por Serra governador, bem semelhante ao Kit que Malafaia diz abominar e que nem foi distribuido pelo governo federal. Aliás, "Kit-gay" já é, por sí só, uma expressão preconceituosa, bem ao gosto dos homofóbicos de plantão.

O pastor conhecido pelas suas histriônicas pregações recheadas de bravatas, principalmente sobre o homossexualismo e o aborto e o combate a outras denominações religiosas que não lhe dão audiência, fecha, convenientemente os olhos a tudo de negativo que envolva Serra.

O milionário pastor, seguido por milhares de néscios que engordam sua conta bancárias diariamente deveria, talvez, estudar a Bíblia que tanto diz seguir e explicar porque não segue a admoestação de Cristo ao jovem rico que lhe perguntou o que precisava para segui-lo:

Vai, vende tudo que tens, distribui pelos pobres e segue-me...

Assim como aquele jovem, Silas haveria de deixar cair seu semblante, entristecer-se e desistir de seguir a Cristo e seus apóstolos por não desejar abrir mão de seus muitos bens materiais.

Silas também parece esquecer-se de que Cristo jamais se envolveu em política, embora a esperança messiânica dos judeus fosse de um líder político/militar que os libertasse do jugo romano. Pelo contrário, quem se envolvia em política procurando vantagens eram justamente os fariseus e saduceus que compunham o sinédrio.

Se Malafaia vivesse no tempo de Cristo caminharia pelas cidades comendo o que pudesse conseguir, deixando a Cézar o que fosse de Cézar ou sentar-se-ia nos mais altos lugares da sinagoga com seus longos filactérios? Cada um tire suas próprias conclusões.

Não contesto aqui a religião evangélica ou qualquer denominação, mas creio que quando a política entra por uma porta o Espírito Santo sai pela outra. Cada homem deve exercer seu lívre arbítrio e, em sendo cristão, usar o caminho da ponderação e da oração para tomar suas próprias decisões.

Há muitos lobos vestidos de cordeiros, falsos pastores e profetas que se possível enganariam aos próprios filhos de Deus. No último dia hão de dirigir-se ao Senhor e dizer:t

-Em teu nome não fizemos grandes obras? Não expulsamos demônios e fizemos grandes milagres? E o Senhor responderá:

- Apartai-vos de mim pois não vos conheço!

Usar púlpitos de igrejas como palanques políticos não se enquadra nos desígnios de Deus.

Uma coisa é manifestar-se contra o pecado, outra é pedir votos para confrades, seja da congregação, seja de alguma outra organização não revelada.

Como dizia o apóstolo Paulo, tudo me é lícito mas nem tudo me convém!

Salvador, 27 de outubro de 2012