IMAGENS DE UM DIA DE ELEIÇÃO - 1° turno ( 2012)

Retorno melancólico, olhando os panfletos coloridos espalhados nas esquinas, nem um apelo vivo, apenas os papéis jogados. Com a estranha sensação de folião em quarta feira de cinzas, com a desvantagem de não ter curtido as folias. Tiraram o brilho da disputa voto a voto, do convencimento ao eleitor indeciso, da labuta prazerosa de tantos certames passados. Ficávamos com sede, fome, nos alimentava a emoção da conquista de cada passante. Fui e voltei não sendo importunado por ninguém, que saudades ! Nem mesmo os diaristas portando bandeiras e isentos de ideologias. Parece dia Santo, dia de sol lindo, fim de procissão ou visita ao cemitério. Olhei para os cantos não vi os amigos, não havia vida e nem barulho, tudo silêncio. Ajudei uma senhora que buscava um papel no chão, disse que não enxergava em pé. Socorri com a satisfação de ganhar o voto, matreiro, ao perguntar-me se era meu candidato, claro que era... Assim vejo a população dirigindo-se as urnas, desprovidas de qualquer informação sobre o que vão fazer, cumprir uma obrigação e nada mais. Suprimiram os debates, ou, quando acontecem, são em altas horas da noite, em dias da semana, onde nem todos conseguem acompanhar. Os últimos encontros, via Record e Globo, cinicamente, em São Paulo, cancelados. Ora, por que não cancelam o futebol ou a novela por um dia ? Da mesma forma que houve a mobilização pela Lei da Ficha Limpa, memorável e histórica, devemos nos mobilizar para alterar o horário eleitoral, fazê-lo menos inútil e mais didático. No espaço televiso, a discussão entre os postulantes de temas únicos, como prioridades: Educação, Saúde, Transporte, Segurança e Habitação. Tempo igual para todos os concorrentes. No horário disponível para as campanhas, não em altas horas. Penso no povo indo votar sem necessidade da abordagem que fazíamos, pela consciência e não pela desinformação. Imagino os votos dados nos vereadores com tantos números... Que saudades de minha militância aguerrida e sonhadora.