Quando: meados da década de 90
Cerca de 30 viajantes, todos de São Paulo; destaco os seguintes:
Sandra → eu me apaixonei por ela
Pedro → extrovertido, boa pinta, sabia tocar violão
Em suma: a Sandra gostou do Pedro; ele não se interessou por ela
Antes de regressarmos, cometi um pecadinho: sorrateiramente, obtive o seu endereço residencial.
Dois ou três dias depois da viagem, o Homem-Audácia-Quase-Zero abriu, finalmente, o seu coração.
A carta terminava assim:
No meio do caminho tinha um Pedro
tinha um Pedro no meio do caminho
tinha um Pedro
no meio do caminho tinha um Pedro.
*Ela não respondeu; nunca soube o que pensou
* * * * *
31 de outubro de 1902: em Itabira, Minas Gerais, nasce Carlos Drummond de Andrade
Entre tantas coisas, o poeta escreveu:
No meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.