Maldade implícita

Nessa semana, por conta do Halloween, observava, pelos aposentos do curso de Inglês da cidade, várias ilustrações das mais variadas bruxas. Apesar da aparência nada agradável, não me vi desgostosa ou encabulada com o significante. Atinei para o significado: maldade, frieza e dissimulação...

Longe de mim desconcertar os fãs das histórias infantis: bruxas malvadas - velhas e feias - serão sempre bruxas malvadas na memória das criancinhas... (E não me refiro àquelas pobres "bruxas" - vítimas da mentalidade tacanha e cruel da Igreja, na Idade Média.) Que seja! É até legal cultivar a imaginação... Mas é igualmente bom lembrar que devemos avaliar a feiúra das faces mais agradáveis, cruéis e dissimuladas, a nos rodear com suas atitudes mesquinhas, cobertas de segundas intenções, mal quereres e desafetos. Essas “bruxas” contemporâneas são as mais perigosas. Não trazem a maldade explícita na aparência. Ao contrário, omitem-na através de rostinhos de babás competentes ou cuidadores amorosos; escondem-se sob o manto dos falsos elogios, dos profissionais de extrema competência, até mamães – que juram amar seus filhos e os maltratam sem clemência. Vemos (ou não) bruxas monstruosas por trás de pesadas maquiagens e de banhos de lojas que só lhes aumenta a falsa beleza incauta. Escondidas por trás da simpatia ou comunicabilidade singular, são impecáveis nas atitudes pensadas, sendo, por isso, as piores e, consequentemente, muito mais perigosas que aquelas dos livros, sempre traídas pelos olhares maquiavélicos. Essas, as nossas, não podemos explodir, quebrar-lhes a vassoura quando do alçamento de seu voo. Temos que lidar com elas de frente. No dia a dia. Não nos deixando manipular por sua capciosidade. Elas estão à solta em todos os cantos, onde menos esperamos e, ao contrário das bruxas convencionais, são ora belas, ora menos belas, mas com um íntimo tão feio, perigoso e calculista que, se detectado em aparência, deixaria a velha senhora dos contos de fadas parecendo a mais bela miss...

Luzia Avellar
Enviado por Luzia Avellar em 08/11/2012
Reeditado em 08/11/2012
Código do texto: T3974893
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