Ócios do ofício – Aconteceu comigo!
(parte I)

             Situação cômica que me aconteceu, quando eu era correspondente do antigo jornal JBBR Integração Regional de Brasilândia de Minas. Pois bem, certa vez eu fui fazer a cobertura de uma inauguração da Prefeitura de uma cidade bem antiga aqui bem próxima de Bonfinópolis de Minas; o Prefeito e seus convidados todos querendo falar, foi quando eu e meu colega saímos para ver se encontrava alguma coisa pra lanchar, pois teria uma grande festa, mas comida mesmo só depois do falatório.
     Pois bem, andamos pelas ruas da cidade, tudo fechado, até que encontramos um botequim, tudo escuro, chamamos o dono que estava lá nos fundos assistindo TV, ele veio com um mau humor danado e perguntou pra nós "U Q 6 tá querenu "?  Prontamente respondi, queremos lanchar e ele nos respondeu aqui é um budega piquena, treim dicumê já cabô tudo, e sios6qué trevessá urio é só de barsa, mais só trabáia didia.
     Mas, nós percebemos que havia um pedaço de linguiça e um rabo de peixe frito na estufa, resolvemos insistir para sermos atendidos ao que o proprietário falou: intão 6iscói o qui6qué, peixe ou linguiça, optamos pela linguiça, pois o peixe poderia ter muito espinho e tínhamos que voltar logo para o local do evento.
     Queremos a linguiça, ele resmungou umas palavras enroladas e levantou todo preguiçoso e veio com um canivete na mão, coçando a cabeça com a ponta dele, chegou até o balcão e falou "iscói o lado qui6qué que vou tirar o pedaço."
         Não adiantava dizer mais nada, meu colega segurou a ponta da linguiça e ele passou o canivete na calça pra limpar e depois cortar o pedaço. Meu colega estava com mais fome do que eu deu umas boas mastigadas e falou comigo, pode comer poeta que tá gostoso. Resolvi então comer e pedi, por favor senhor, vou ficar com esse pedaço que sobrou ao que o velho me respondeu: "iscói o lado que cê quer que vou cortar o pedaço intão..." eu disse, não senhor, eu quero tudo entendeu? "Posso fazer isso não, vai que veim ôta pessoa cumfome e a minha budega não teim nada pra vendê, vou perdê o freguêis ô6 não me leve a mal não seus moços, isso numfaço não."
        Resultado, fizemos todo o procedimento exigido pelo velho e quando comecei a comer, chega um puxa saco do Prefeito e fala, "por isso que nossa cidade, mesmo sendo tão antiga, não cresce, a Prefeitura paga um absurdo para pôr as notícias no jornal e os caboclos nem fica lá pra iscutar o que o Prefeito tá falando"...
    Vê se pode uma coisa dessas, e por respeito à história da sua boa gente, não mencionarei o nome da cidade. Se bem que motivos tiveram de sobra, o que me dizem?!



P.S.: É real, aconteceu comigo no ano de 1996 (ano das eleições municipais). O nome da cidade está nesse Mapa, a dica foi dada.

 
POETA NUNES DE SOUZA
Enviado por POETA NUNES DE SOUZA em 08/11/2012
Reeditado em 13/05/2022
Código do texto: T3975337
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