BULLING - A forma com que os mais fracos sobrevivem.

Hoje, por algum motivo não segui a minha rotina. Ao levantar-me, não saí para caminhar nem comecei as tarefas domésticas tão cansativas. Sentei-me sem ao menos tomar meu café e liguei a tv. Pois é, eu também sou capaz de modificar as coisas. E assisti a um filme. Pueril, na verdade, mas significativo e inspirador. O título: "Chrissa: Uma lição de força". E como adoraria ver na realidade muitas coisas boas deste filme.

O ano letivo terminou pra minha filha caçula. Honrosamente, nem precisou de testes finais. Saiu antes da hora e pude lhe sentir um enorme alívio. Foi e é forte. Tomou a decisão de ir em frente, contra todas as expectativas e viu assim, a chance de "se livrar"o mais rápido possível do problema. Ela não desistiu de lutar, mas sofreu, eu sei. E por isso eu chorei. Honrosamente, mas chorei.

Minha filha sofreu o maldito "bulling". E, pasmem, desde os cinco anos de idade. Mudei-a de escola há três anos e de coração acreditava que tudo fosse mudar. Não mudou, infelizmente. O deste ano então foi muito ruim. E a única pessoa a quem eu recorria com certo sucesso ( ou pelo menos tentava de fato ), saiu da escola. Ou "saíram” com ele, vai saber.

O filme trata do bulling de forma suave, mas contundente. Inteligentemente, porém não menos sofrível. Pena a realidade final ser tão diferente na maioria absoluta dos casos e o resultado feliz estar muito distante de ser rápido e positivo. Porque não é mesmo. As marcas físicas desaparecem e viram sutis. As palavras, as ações maledicentes e não reprendidas ficam para sempre. É preciso aprender a conviver com elas, deixá-las ao nível mais baixo e distante de maneira a não alcançar quem decide ir em frente. Quem é provocado tem medo de falar, pois imagina que as coisas poderão ficar piores. A pessoa má não se transforma em boa da noite para o dia e pra quem sofre as consequências de uma educação equivocada, de uma condução de vida irresponsável do outro, resta se fazer forte, perdoar e seguir.

Quem pratica o ato cruel é, na mais absoluta verdade, o fraco da história, é quem necessita rebaixar seu próximo, seu colega, a fim de se sentir no alto. Mas no alto de que? Não estão juntos na caminhada pelo sucesso? Para estes o "alto" significa fugir da pequenez em que se encontram na realidade. É a ignorância não observada em seu seio familiar ou até mesmo reforçada e nascida ali. Ninguém se torna melhor por imposição, mas por conquista leal e verdadeira. Humilhar alguém por este objetivo somente o fará sobreviver. Ao passo que o outro lado viverá plenamente suas conquistas. Saboreia os frutos mais doces e dignos, conquista o melhor da vida por sua força, legítima e infinita.

Minha filha, parecendo ouvir as palavras que somente hoje ouvi no filme, tomou a decisão de avançar. Refez seu caminho, alcançou as melhores notas, contrariando expectativas até mesmo da escola e arrancou na reta de chegada. Talvez tenha sido ideia dela, retirar-se do olho do furacão. Sábia ideia. Inteligente ideia. Emagreceu muito após o último episódio infeliz e, como uma fênix, ressurgiu mais bela do que sempre foi. E como também diz a mãe da menina no filme, assim eu digo para ela e todos os outros que fraquejam em algum momento: "É burrice ser menos do que você é, deixar alguém lhe tirar alguma coisa".

Pra minha amada filha, todo meu amor e orgulho.

Cristiane Maria
Enviado por Cristiane Maria em 12/11/2012
Reeditado em 24/02/2015
Código do texto: T3981589
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