Se o medo não amedronta

Uma destas noites sem lua, uma ou outra assombração, tirava o sono e se amua, mirava a noite a coruja, cantando da solidão.

Ameaças da moura torta, tropas muares de mulas sem cabeça, levavam vaqueiro de fogo, tangendo bois de cara preta.

Ousava dormir com o pé fora da cama, para aonde foi o outro pé do saci, sem o lençol cobrindo a cuca, pois a cuca não vem pegar.

A mixórdia que liquidificava todos os entes que nos obrigam a dormir, não arrastava para perto o Morfeu, pois se o lobisomem uivava, o lobo desmentia e afirmava: - Sou eu

Todas as crenças, todas as fés, nada a ameaçar a insônia, nada a fazer alguém dormir; e quando todas estas ameaças não colocavam o menino a adormecer, lastimava-se quase que revoltado, que agora o medo já não crescia, quem crescera fui EU

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 13/11/2012
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