PARIR UM LIVRO É ENORME DEMAIS

Um dia me disseram: Você precisa escrever um livro. Concordo que passei a acalentar essa idéia, mesmo que me parecesse estapafúrdia. E o pior de tudo é que havia (há) essa possibilidade, pelo menos materialmente. Mas, logo vi que eu não estou nem nunca estarei madura o suficiente para levar alguém em sã consciência a ler um livro de minha autoria. Permaneço no limbo.

Pra começo de conversa qual seria o foco do tal livro? Poesias, crônicas, prosas... Impossível definir já que sou uma salada viva. Pensando bem seria uma afronta aos gramáticos e aos poetas alçar-me ao status de escritora. Pois é: Livro publicado e lá estaria eu a fazer parte, mesmo indevidamente, da seleta constelação dos mestres das letras.

Mas, até que ponto podemos nos julgar despreparados para tal fim? O fato de não levarmos o honroso título de jornalista nos impede de escrever, de publicar? Impedir é forte demais, mas restringir... Bem, definitivamente não vou aumentar o estoque de livros encalhados nas prateleiras empoeiradas...E os sebos? Não posso negar que meu lado atrevido bem que poderia se refestelar com meu nome gravado em um livro... Parir um livro é enorme demais... Eternizar-me nas letras... Daí, usaria meu nome verdadeiro? Marly Costa, ou o hilário Marly Atsoc, criação de um filho num momento de inspiração. Óbvio, Costa de trás para a frente. Nada criativo, mas que vivo arrastando até hoje.

Talvez eu pudesse me esconder sob um pseudônimo, algo bem pomposo. Imagine um nome fracês... Madame Azsnavour. Bem que daria mais credibilidade... O título do livro, bem, o título é um capítulo a ser resolvido.

Conjecturas à parte, cá estou eu a escrevinhar mais uma vez, já que fora disso, pouco ou nada sei. Não estou a dizer que sei escrever, longe disso, mas ruim ou nem tanto, continuarei a tirar a paciência de meus pouquíssimos leitores. Os louros que fiquem para os competentes...