Insofismável
 
A rotina é um rolo-compressor, esmaga o detalhe, esmaga a observação, esmaga o sentido das pequenas coisas. Quando se deixa de perceber as filigranas  não se  reconhece  mais o valor da peça.  E quando algo perde o valor, perde a importância e, consequentemente, o interesse. * *Assim são alguns relacionamentos: Quando não se repara nos detalhes já perdeu o valor do todo. Quando não se consegue mais entender as mensagens subliminares do amor, não se reconhece mais seu valor e no todo, emudece. Desinteresse no amor impõe distância, e distância no amor é indiferença e... indiferença no amor é o vácuo no relacionamento! Quando a mesa posta para o café não mais se traduz em carinho; quando o sanduíche preparado com antecedência não vem com algo mais do que pão, queijo e presunto; quando o bilhetinho na porta da geladeira só transmite o recado puro e seco; quando o beijo fica no piloto-automático; quando a camisola nova é reconhecida simplesmente como um gasto extra; quando o telefonema é visto como fiscalização; quando a falta é sentida como cobrança; quando o trabalho compensa o que o amor deveria suprir...  o amor caiu no vácuo! O amor até sobrevive no vácuo, mas não se sustenta! Morre de fome, mingua aos poucos. Para se viver um amor no dia-a-dia é preciso valorizar as miudezas e valorizar as miudezas no amor é cultivar a sua grandeza! Estou tão pequena, tão invisível, e tanta vez estive como sinalizador de pista nos aeroportos, balançando bandeiras brancas, no meio da sala, para tentar não ser atropelada.  Em vão, no vão do vácuo...
 
Cássia Da Rovare