Pai de um grande amigo, Ângelo Guerbas é apaixonado pelo seu animal de estimação

Há muitos e muitos anos, ele me pediu um favor:

Hoje a tarde, dedetizarão a minha casa. Todos precisarão sair de lá... inclusive o meu papagaiozinho.

Posso deixá-lo com você? É só até amanhã.

Por gostar deles, instantaneamente, disse sim.

* * *

Looooouro, loooooouro, da o pé, louro... dá o péééééééé

Acredite, o hóspede não emitiu um único som!

Escureceu.. hora de  jantar; da cozinha, gritava:

Yáááááho, Yáááááááho... Loooooouro, que cafééééééééé... cafééééé

E ele, nada!!!

Lá pelas dez da noite, perdi a paciência:

Prá casa dos Guerbas, você não volta mais!

Irritado, ainda disse:

Vou dormir... faça o mesmo

* * *

Antes de prosseguir, duas informações muito importantes

Por ter as penas das asas cortadas, a ave não podia voar

Por ela não poder voar, deixei a janela aberta

 * * *

Acordei... fui dar bom dia para o mudinho

Entro na área de serviço, a gaiola está vazia!

Olho para o lado, quase tenho um treco: no parapeito da janela, o baby do Seu Ângelo

Desesperado, sussurro:

Louro, por favor, volta... por favor, volta

Ele, nem aí pra mim

Pus comida na minha mão... mandei beijinho...

E ele? Ele, nem aí pra mim 

Quase chorando, começo a gritar:

Socorro! Socorro!!!

Enquanto viver, jamais esquecerei o que aconteceu:

O meu pai pegou uma vassoura... levou o cabo em direção ao papagaio... e aí, docilmente, perguntou:

Louro, o que é que você está fazendo aí?

Finalmente, escutei a sua voz:

-Sem o Ângelo, para mim, a vida não faz sentido. Assim que tomar coragem, pulo!

-Deixa de besteira... o seu amigo acabou de ligar... em questão de minutos, ele vem te buscar

Desse modo, Inácio Luftglas salvou o papagaio... e a mim também!!!