Essência tangueira

Era uma noite escura e fria, as árvores sem folhas faziam reflexo com os postes de luz da Rua LaMadrid. Abandonada num salão qualquer de baile, ela se via só enquanto uma multidão era levada pelas notas das melodias do tango.

Era um efeito do destino, havia uma razão para esse abandono e se chamava "tango".

De repente um vulto acompanhado de uma brisa de perfume e sapatos lustrados, entrava no mesmo salão. O vestido quase rasgado insistia em dançar, ele tirou seu chapéu e sem nenhuma autorização levou-a para o meio do salão, a musica anterior havia terminado a multidão saiu. Somente os dois bailaram.

A da moça cintura, era docemente acolhida por uma mão que parecia guiar todo o corpo que chorava pela melodia do triste tango da noite. O salto alto da dama era arrastada pelo sapato lustrado de seu cavalheiro. Buenos Aires não era a mesma, o tempo havia parado e somente estavam os dois perdidos nessa maldita melodia que aproximava os rostos e fazia com que as bocas quisessem beijar.

Os pés se moviam em direção ao nada, ambos buscavam a saída do labirinto que os mantinham unidos. A musica, lia os corações e as vontades dos dois tornado o tango rápido com passos que confundiam os olhos dos admiradores. Infelizmente, o tempo voltava a funcionar.

Foi paixão na noite tangueira dos bares de Buenos Aires, a culpada queria mais tempo, ou melhor, que o tempo parasse outra vez por conta de seu cavalheiro, ela sabia que era mentira, toda a paixão que ele lhe dizia com os olhos se perderia quando por fim terminasse a noite, e assim como as estrelas esta paixão se perderia com a luz do dia.

Bailaram até o fim da madrugada, toda uma vida havia sido traçada nesta noite e por fim decidiram se encontrar na noite do dia que surgia. Porém a solidão gritava em seu coração a brisa não estava no salão, o calor do tango desaparecera. E ele também.

Lorraine D
Enviado por Lorraine D em 19/11/2012
Reeditado em 15/11/2013
Código do texto: T3994641
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