Senhorinha.
Anselmo Góes quando quer escrever sobre mulher bem idosa usa o termo senhorinha. Eu acho o termo bonitinho, mas a meu ver a senhorinha, para ser senhorinha, carece de ter passado dos 78 anos, de preferência dos 80 anos. Não conhecemos senhorinhas todos os dias, eu conheço apenas uma senhorinha passada dos 80 anos, e nunca tive coragem de fazer o que sempre penso fazer nas raras vezes em que a encontro. Não se assuste, eu ainda não estou tão desesperado e sou um camarada respeitador de senhoras e senhorinhas.
Eu gostaria de sentar-me ao lado dela, como as pessoas sentavam nas antigas namoradeiras, e perguntaria:
_A senhora lembra do dia em que conheceu seu esposo?
Então eu veria o brilho de seus olhos brilharem ainda mais, um pequeno sorriso florescer nos cantos dos finos lábios, e eu saberia que ela o amava. Ela diria que já fazia tanto tempo...
E me contaria sobre o dia em que conheceu o homem ao lado do qual viveu por mais de 40 anos. E as lembranças seriam tão fortes que ela nem se daria conta da minha presença, ela não estaria presente, estaria em “algum lugar do passado”. Falaria do encontro, do casamento, do nascimento dos filhos, contaria o por que dos nomes de cada filho.
E as lagrimas na face seriam de contentamento e saudades, as lagrimas na minha face seriam de inveja, da mais pura inveja daquela senhorinha. Mas eu não tenho coragem. Você que tem mãe, mãe de verdade, que tenha idade para ser chamada de senhorinha, sabe quando e como ela conheceu seu pai? Você que tem pai que tenha idade para ser chamado de senhorzinho, sabe como ele conheceu sua mãezinha?
Não sei a idade daquela senhora mãe lá de Petrópolis, mas bem que eu gostaria de fazer a pergunta para ela. A senhora lembra do primeiro dia em que viu o futuro pai de suas filhas? Não sei se me contaria, sei que ela lembraria, seus olhos brilhariam, seus lábios sorririam. Certamente lembraria também dos rostinhos de suas filhinhas lambuzados de arroz com batatas amassadinhas.
Ou quem sabe me chamasse de intrometido e soltasse a besta fera canina pra morder a minha bunda. Melhor não arriscar.
Anselmo Góes quando quer escrever sobre mulher bem idosa usa o termo senhorinha. Eu acho o termo bonitinho, mas a meu ver a senhorinha, para ser senhorinha, carece de ter passado dos 78 anos, de preferência dos 80 anos. Não conhecemos senhorinhas todos os dias, eu conheço apenas uma senhorinha passada dos 80 anos, e nunca tive coragem de fazer o que sempre penso fazer nas raras vezes em que a encontro. Não se assuste, eu ainda não estou tão desesperado e sou um camarada respeitador de senhoras e senhorinhas.
Eu gostaria de sentar-me ao lado dela, como as pessoas sentavam nas antigas namoradeiras, e perguntaria:
_A senhora lembra do dia em que conheceu seu esposo?
Então eu veria o brilho de seus olhos brilharem ainda mais, um pequeno sorriso florescer nos cantos dos finos lábios, e eu saberia que ela o amava. Ela diria que já fazia tanto tempo...
E me contaria sobre o dia em que conheceu o homem ao lado do qual viveu por mais de 40 anos. E as lembranças seriam tão fortes que ela nem se daria conta da minha presença, ela não estaria presente, estaria em “algum lugar do passado”. Falaria do encontro, do casamento, do nascimento dos filhos, contaria o por que dos nomes de cada filho.
E as lagrimas na face seriam de contentamento e saudades, as lagrimas na minha face seriam de inveja, da mais pura inveja daquela senhorinha. Mas eu não tenho coragem. Você que tem mãe, mãe de verdade, que tenha idade para ser chamada de senhorinha, sabe quando e como ela conheceu seu pai? Você que tem pai que tenha idade para ser chamado de senhorzinho, sabe como ele conheceu sua mãezinha?
Não sei a idade daquela senhora mãe lá de Petrópolis, mas bem que eu gostaria de fazer a pergunta para ela. A senhora lembra do primeiro dia em que viu o futuro pai de suas filhas? Não sei se me contaria, sei que ela lembraria, seus olhos brilhariam, seus lábios sorririam. Certamente lembraria também dos rostinhos de suas filhinhas lambuzados de arroz com batatas amassadinhas.
Ou quem sabe me chamasse de intrometido e soltasse a besta fera canina pra morder a minha bunda. Melhor não arriscar.