Eclipse

Hoje pela tarde prometi ao Piury que o levaria passear após o seu banho.

Prometido e cumprido. Encontrei muitos tártaros nos seus dentes e já o avisei que na segunda vamos ao veterinário limpar cada dentinho.

Coloquei o seu colete. Por mim ele sairia dignamente sem aquilo, mas não sei o que tem essa criatura que só se emociona com o coletinho azul. Bom antes isto do que a coleira.

Uma esquinha, uma mijadinha. Uma grama, uma cagadinha e eu ali do lado acompanhando a mesma cena desde 2002, quando o Fabiano ainda existia. Coisa irritante lembrar disso: o Fabiano chamando o Piury de Bolinha...

Voltando ao tempo presente e me desligando das necessidades do cachorro o céu me chamou: eu quase me esqueci do eclipse lunar. Puxei o Piury até o portão de casa e chamei a minha mãe:

- Sai na sacada mãe... olha o eclipse!

As crianças que brincavam na rua e as senhoras sentadas nas cadeiras de fios de plástico olharam para o céu. A vizinha (feeeeeeeiiiiiiiiaaaaaaaa) desceu a rua achando a lua suja. Salve insensibilidade!

Eu sentei com o Piury no banquinho de madeira e ele me falou que hoje as forças divinas estavam brincando de encantar e eu concordei. De vez em quando Deus aparece pra fazer essas coisas bonitas e hoje Ele estava tão perto de nós, logo ali no céu. Vai ver que era por isso que aquela uma dúzia de pessoas gritavam de olhos fechados na igreja da avenida, sem olhar numa mesma direção, sem sentir o céu!

Mariane Dalcin
Enviado por Mariane Dalcin em 04/03/2007
Reeditado em 04/03/2007
Código do texto: T400499