Meus amigos alienígenas

Ao entrar no parque, li a placa que me deixou confusa: ‘É proibida a entrada de animais, sejam eles nativos ou alienígenas’. No mesmo instante imaginei pessoas trazendo nas coleiras bichos azuis com cinco pernas, três olhinhos e uma cauda rebolante na testa. E no momento seguinte, quando meu lado esquerdo do cérebro voltou a funcionar, descobri que, como tanta gente, não sabia o significado exato da palavra ali escrita!

Alienígena, segundo várias fontes, significa, de fato, 'estrangeiro'; literalmente, do latim: ‘nascido em outra terra’. O contrário de indígena, ‘nascido no lugar’. Agora sim, as coisas se explicavam. Mas como deixar ali, num parque popular, uma frase solta como esta, que a imensa maioria dos leitores - na qual me incluo - entenderia como vetada a entrada de animais de outros planetas?

A mesma palavra, por analogia, significa ainda ‘estranho’. Ah, então o sentido se amplia! Agora sim, tenho o mote de que precisava para falar de meus amigos. Poderia criar uma história engraçada com seres verdes, baixinhos e de olhos grandes, mas não preciso. Porque tenho muitos amigos alienígenas nascidos bem aqui, neste planeta, neste país, até na mesma cidade que eu!

Tenho amigas que parecem anjos: adivinham de mim coisas que nunca falei e até me curam, apenas conversando comigo. Tenho também um que parece um sábio tigre: mora no meio do mato, só come coisas cruas e cada frase sua é um rugido de inteligência tão forte que nos arrepia a alma. Tenho mais duas que parecem pássaros: um, pequeno e agitado como um beija-flor, que se move delicadamente mas com firmeza; outro, com a mesma belíssima sonoridade e o mesmo coração frágil de um canarinho.

Tenho amigos esquisitos que mudam tudo por uma paixão ou um ideal. Tenho amigos malucos que, contra tudo e contra todos, foram embora em busca de um sonho. E, principalmente, tenho muitos amigos excepcionais que são pais e mães de alienígenas na acepção mais conhecida da palavra: seres que certamente vieram mesmo de outro planeta para nos ensinar sobre a humildade, sobre a vida, sobre a paciência - e, mais que tudo, sobre o amor incondicional.

Meus amigos alienígenas, de aparência inocente, jogam seus raios amorosos sobre mim, fazendo com que meu cérebro e meu coração fiquem confusos. E é essa confusão que me faz crescer, pensar, ser melhor, aprender aos poucos a pilotar com firmeza essa nave espacial que nos conduz 'ao infinito - e além'!

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Este texto faz parte do Exercício Criativo "Meu amigo alienígena"

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