De quem é a culpa?

Pensando nas postagens do mano Fernando Khouri, sobre as pérolas do Enem. Coisas absurdas que os estudantes responderam. Então vamos lá:

Estudei desde o primário até o Colegial em escolas públicas: hora em Brasília, hora no Rj, com exceção de um único ano, frequentado lá em Queimados, numa escola Evangélica ( Ginásio Betel). Lembro-me bem, que não existia livros didáticos como os de hj, onde se responde as questões no próprio livro, sem precisar-mos copiar as perguntas nem textos. Nossa! Eram textos e mais textos de História ( amava Armando Souto Maior), questionários imensos de Biologia, questões cansativamente repetidas de matemática. E os livros de literatura que éramos obrigados a ler, tipo: A Moreninha, Éramos Seis, A mão e a luva, Memórias Póstumas de Bras Cubas, e tantos outros clássicos e tantos outros textos e infinitas redações, devidamente corrigidas, declamadas, explicadas, concorridas. Era horrível! Como assim? Penso hj.Não. Era maravilhoso! Nunca cheguei a ser a melhor em nenhuma classe que frequentei, mas, para felicidade minha, tambem nunca fui das piores. Mediana, medíocre, dando pro gasto, e por aí seguí por meus caminhos desconhecidos. HJ, mãe de dois filhos, e de duas situações diferenciadas. Filho mais velho, terminando seu curso de Direito. Cheio de pensamentos e idéias próprias. Agora, já na meia idade, meu coração pariu uma filha em idade escolar, onde posso acompanhar mais de perto a sua educação. Quantas surpresas e decepções nessa nova fase. A conclusão de que a herança que posso deixar pra ela é a Educação e a Educação apenas. Aquela do lar, do exemplo, do diálogo, do amor, da perseverança, da gentileza, dos bons hábitos tenho tentado ministrar e não tenho me saído muito mal, acredito mesmo que tenho me superado a cada dia, porém a outra, aquela Educação a qual dependo de terceiros para que a minha filhota seja alguem auto suficiente, ser pensante que é, essa muito tem me preocupado.

Ainda em sua infancia, matriculei-a numa escola municipal onde descobrí que o projeto pedagógico era a alfabetização em tres estágios, e qual não foi a minha surpresa qdo descobri que cada estágio significava um ano. Ou seja, a criança aos seis anos entrava pra escola e só era alfabetizada em tres longos anos. ALFABETIZADA. Enfim, sem condições de transferi-la pra uma escola particular, ergui as mãos e movida de cartilhas, cadernos, amigos educadores, que me auxiliaram, e muita (ás vezes, quase nenhuma) pacienca, alfabetizei minha filha em seis meses, com direito às quatro operações e um tiquinho de Ciencias.Após muita briga na escola, exigindo uma avaliação, consegui mudá-la de turma e de série. Aos oito anos ela já estava na segunda série. Como assim? Eu, aos 6, estava na segunda, lendo e escrevendo muito bem, obrigada! Isso nos idos de 19..... MAs, a necessidade fez que lá ela continuasse até a quarta série. E eu ganhei o título de "Persona Non Grata!" a partir de uma reunião, quando a mesma, indagada pela falta dos livros fornecidos pelo governo, respondeu-me que os mesmos não faziam falta, pois, não eram essenciais na formação do alunos. E como sou apenas uma mãe, perguntei tbm, quem foi mesmo que escreveu que " Um País faz-se com homens e livros", e fiquei sem a resposta. A orientadora pedagógica me odiava, afinal eu era apenas uma mãe, que nada entendia de educação . Já na quinta série, transferida para uma escola Estadual, início de adolescencia, ganho como premio, inúmeros fios brancos nessa minha cabeça teimosa. E alí ela passou mais dois anos. Pelo manos, lá tinha livros, muitos, distribídos pelo Governo Federal, no meio do ano escolar. Claro, faltava apenas os professores para orientar os alunos como usá-los, o lado positivo, é que ao chegar o fim do ano letivo eles estariam conservadíssimos para serem usados pelos próximos .....( como posso qualificá-los, coitados?).MAs, a escola era muito boa, tinha até aula de Religião, onde uma professora evangélica, pregava em sala de aula, contrariando o programa pedagógico exigido pela Secretaria, onde reza que da quinta à oitava série os alunos aprenderão tudo sobre os Sacramentos da Santa Igreja Católica, como batismo, Páscoa, e tudo mais. Que professora rebelde essa. É das Minhas! MAs, disso eu não podia reclamar, as aulas são opcionais, e minha entediada filha, ficava na quadra de esportes, com outros alunos assistindo ao vivo aulas de "Como sobreviver numa escola pública". Ela sobreviveu!

Vidinha boa, melhorada. Futuro incerto, Escola particular. Pertinmho de casa, por causa de violencia. Escola antiga, renomada. E vamos nós. Temerosa diante das dificuldades vindouras. Feliz com a possibilidade de ascenção cultural-pedagógico-informal. Doce ilusão!

MAs, isso fica pra próxima cronica.Só digo que a briga agora é mais acirrada ainda. A briga agora, é com a minha paciencia, com meu desanimo, e quando vejo postagens como a do meu amigo, mostrando os erros descabidos dos vestibulando, dos estudantes de hoje, só me resta perguntar.

DE quem é a culpa?

Amigos, o testo era pra cer pequeno, mas infelismente muitos não leram ele por ser tão estenç