LAMPARINAS

Certa vez conversando com um amigo, em Senhora de Oliveira, ele me contou o ocorrido entre dois comerciantes locais.

Os dois comerciantes eram vizinhos, porém por motivos comerciais e políticos, mais políticos, eles não combinavam.

Um dia passou por lá um viajante vendendo, em promoção, lamparinas a um preço muito baixo. O Sr. Desidério, um dos comerciantes, foi o primeiro a ser visitado. Depois de um certo tempo de conversa, negociando, o Desidério fez uma proposta ao vendedor: ficaria com todas as lamparinas desde que ele não voltasse à cidade durante um determinado tempo, até que ele pudesse vendê-las. O negócio foi fechado.

Não demorou nem um mês e chega a notícia de que Senhora de Oliveira receberia a luz da Cemig. O Sr. Desidério logo pensou: - e as minhas lamparinas, o que fazer com elas? Ficou pensando muito tempo sobre o assunto, até que chegou a uma solução.

Na manhã seguinte, tão logo abriu a venda, chamou três meninos que passavam em direção ao Grupo Escolar e explicou para eles a sua idéia: deveriam passar na venda do Sr.Ericson, o seu vizinho, e perguntar se ele tinha lamparina para vender. Em troca, o Sr.Desidério prometeu aos meninos balas durante uma semana. Pediu-lhes, também, que não comentassem com ninguém o que combinaram.

Assim foi feito. Todos os dias os meninos passavam na venda do Ericson e perguntavam pelas lamparinas. Com o passar do tempo, o número de meninos que faziam a mesma pergunta aumentou.

O Sr. Ericson tentou, na região, encontrar alguém que fizesse lamparinas, mas não encontrou. O negócio seria comprá-las do concorrente... mas de que forma, se eles não combinavam?

Um compadre do Ericson, que morava na zona rural pelas bandas de Braz Pires e possuía uma vendinha, foi o encarregado de comprar todas as lamparinas do Desidério e repassá-las ao Ericson. Tudo funcionou perfeitamente.

Na manhã seguinte á transação, às sete horas, o Desidério abria a sua venda com um largo sorriso, não estando nem aí para o Ericson que, trepado em uma escada, alegre, pendurava as lamparinas em um arame esticado em frente à sua venda...

Murilo Vidigal Carneiro

Novembro de 2012

murilo de calambau
Enviado por murilo de calambau em 26/11/2012
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