Indignação...

Guitarra, Gaita, skin-heads...

Depois de muito tempo, tive hoje noticias de um caso que ocorreu a alguns anos atrás.

Em um trem em movimento no extremo leste de São Paulo, dois jovens foram obrigados a pular com a ameça de serem mortos por três skin-heads. Um dele morreu e o outro perdeu um braço, ou melhor, o trem em movimento arrancou o seu braço.

Hoje, foi exibida uma entrevista onde um deles chorando disse que ele não estava naquele vagão e que ficou pouco mais de um ano preso injustamente e que ele apenas estava no trem.

Claro que aquelas lágrimas eram ridículas e claramente uma tentativa de se justificar. Também disse que nunca fora um skin-heads e disse também que queria que seu advogado estivesse ao seu lado durante a entrevista. Tudo muito ridículo. Aquele advogado com cara de “songa monga” dizendo sobre a inocência do seu cliente, claro que qualquer imbecil se vende por dinheiro.

Mas minha indignação é quando o jovem que sobreviveu apareceu no vídeo. Quando aconteceu o acidente, ou melhor, a tentativa de homicídio, esse jovem foi entrevistado em sua casa e a entrevista me fez chorar pela simplicidade do rapaz.

Ele contou que tocava guitarra e gostava muito de um determinado estilo musical. Então a câmera mostrou sua guitarra pendurada numa parede feita de blocos (tipo tijolo baiano), sem reboque e muito simples. O repórter perguntou a ele o que ele iria fazer a partir de então e ele respondeu que estava aprendendo a tocar gaita por que gostava muito de musica.

Não tenho nada contra tocar gaita, o que me chocou na época foi ele ter que tocar gaita por não ter mais um braço, ou melhor, ter tido seu braço arrancado por um trem por conta de uma gangue que não satisfeita em amedrontar também tentou matar.

Será que existe alguma autoridade com coragem e competência para mudar as leis no nosso país? Quantos ainda vão ter que ser penalizados simplesmente por serem diferentes do que é julgado convencional? Ou por que um grupinho que se sente poderoso a ponto de julgar quem vive ou quem morre por não seguirem determinados padrões?

Como humanista fico indignada com determinados comportamentos. Sou contra a pena de morte sob qualquer circunstancia, pois acredito que a morte é um premio para quem comete crimes graves.

Tenho um filho que é guitarrista em uma banda e confesso que fico apreensiva toda vez que ele sai para tocar e rezo para que nenhum skin-head apareça em seu caminho, por que alem de roqueiro somos da raça negra.

Esse fato aconteceu a algum tempo, mas toda vez que ouço uma guitarra lembro daquele jovem tocando sua gaita e ao fundo sua guitarra pendurada na parede apenas como uma recordação. Lamentável.

Caimar de Souza
Enviado por Caimar de Souza em 28/11/2012
Reeditado em 28/11/2012
Código do texto: T4008579
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