O Avarento

O AVARENTO

Jorge Linhaça

Hoje, sentado em meu alvo trono, libertando os prisioneiros das entranhas de meu templo, percebi que sou um avarento. Não, não sou daqueles que se apega aos seus tostões com garras poderosas, quase impossíveis de serem abertas... Dinheiro para mim nunca foi um problema, afinal nunca tive mais do que o necessário, e olhe lá, portanto dinheiro para mim sempre foi solução para as coisas básicas.

Mas descobri que sou um novo tipo de avarento, daquele tipo que acumula sem gastar...E nem se dá conta disso. Na verdade não estou sozinho nessa, mas jamais havia pensado nisso por essa ótica.

Ao longo dos anos venho acumulando energia, em forma de calorias e gorduras, no meu caso não se trata de alguma disfunção glandular ou hormonal, apenas e tão somente trata-se de não gastar essa energia, essas calorias

O sedentarismo e a falta de atividades físicas ao longo dos anos foram causando o efeito coxinha em meu corpo outrora esguio e seco.

Não é esse um tipo de avareza? O não gastar energia, não dar trabalho ao corpo?

Claro que é.

Agora que tomei consciência disso, dessa maneira, resta-me tomar ou não a decisão de ser mais ” mão aberta” em relação aos gastos calóricos e mais ” boca fechada” em relação aos mesmos.

Afinal a avareza pode assumir muitas formas e não estar necessariamente ligada ao dinheiro.

Talvez alguns sejam avarentos a ponto de não dividir seus amigos... Seus talentos... Seu conhecimento... Seu sorriso... Seu abraço... Sua palavra amiga... Seu espaço... Suas conquistas... Seus ideais e tantas outras coisas.

No meu caso preciso dissipar na natureza todo esse excesso calórico e adiposo.

Vale a pena refletir sobre se você sofre do mal da avareza em algum aspecto de sua vida.

Salvador, 28/11/2012