ROSAS SEM CHEIRO

Fui a uma festa no último sábado. Num determinado momento saiu um cidadão com um cesto cheinho de rosas vermelhas. Eram enormes, lindas e pareciam ainda bem vivas, pois, as folhas estavam viçosas e muito verdes. Ele começou a distribuí-las, lentamente, com muita calma, uma para cada pessoa presente. Pude notar que ele sentia um enorme prazer ao conduzir e entregar as rosas, o que ele fazia olhando nos olhos de cada um que as recebiam.

Chegou a minha vez. Eu recebi a minha flor também com alegria parecendo que contagiado pela simpatia de quem as distribuía. Fiquei observando-o na sua tarefa. Ninguém saiu do seu lugar para receber a flor vermelha, ninguém pediu mais de uma, parecia tudo combinado.

Quando parei de observar a distribuição das flores observei a que estava em minhas mãos. Fiquei imaginando aquela flor no pé, várias delas, umas maiores, outras nem tanto, botões abrindo, umas já cansadas e adubando a terra com suas pétalas murchas, como se devolvendo ou pagando um tributo pelos alimentos recebidos. Sempre gostei de flores, já plantei muitos pés de rosas, mas colhi poucas por achar que o lugar delas é no pé onde reinam com toda a sua exuberância.

Depois de um contemplar demorado instintivamente levei a flor ao nariz em busca do famoso cheiro das rosas. Decepção. Nada de natural. Nada do cheiro das rosas que conheço desde criança. Daquelas plantadas nos jardins, nas beiras das cercas, dos muros ou em qualquer pedaço de terra com um pouco de adubos naturais. Fiquei contemplando aquela beleza toda em minhas mãos e cheguei a uma triste constatação: Ela é muito mais bonita do que aquelas que eu plantava, do que as vistas nos jardins muitas vezes de residência simples. Mas as minhas tinham o inconfundível cheiro de rosas.

Hoje temos frutos também como as rosas, modificados geneticamente para o aumento da produção e até da durabilidade. E o sabor nem sempre agrada com a mesma intensidade dos produtos naturais.

Aparências...

Quiçá entre os humanos estejam ocorrendo coisas parecidas!

Divinópolis, 29-11-2012